SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quarta-feira (25) que Washington deve retomar os diálogos com o regime do Irã na semana que vem e que “talvez assine um acordo” sobre o programa nuclear de Teerã, embora tenha minimizado a necessidade de novas negociações após os bombardeios americanos contra as instalações de Fordow, Natanz e Isfahan.
Em cúpula da Otan, a aliança militar ocidental liderada pelos EUA, Trump disse ainda que poderia obter dos iranianos “uma declaração de que eles não vão se tornar uma potência nuclear” e comparou a ofensiva de seu país à destruição provocada pelas bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki na Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945), argumentando que a ação encerrou o conflito entre Israel e Irã.
“Se não tivéssemos destruído [as instalações nucleares], eles [iranianos] estariam lutando agora”, afirmou Trump em Haia, na Holanda.
O presidente minimizou o relatório de inteligência vazado na terça-feira (24), segundo o qual os ataques americanos teriam atrasado o programa nuclear iraniano no máximo em seis meses, não em vários anos, como Trump tem dito. Ele disse que o documento é inconclusivo e que o dano só poderá ser avaliado com precisão quando Israel concluir sua própria análise.
A Agência de Inteligência de Defesa (DIA, na sigla em inglês) disse que o relatório é uma “avaliação preliminar de baixa confiança”, enquanto autoridades como o secretário de Defesa, Pete Hegseth, e o secretário de Estado, Marco Rubio, insistiram que a usina de Fordow foi obliterada e que o programa iraniano retrocedeu em décadas. Já o chefe do Estado-Maior Conjunto, o general Dan Caine, adotou tom mais cauteloso, dizendo que a confirmação dos estragos “levará algum tempo”.
As declarações de Trump ocorreram um dia após a entrada em vigor de uma trégua entre Irã e Israel, após 12 dias de conflito. Na véspera, o presidente criticou supostas violações do cessar-fogo, especialmente por parte de Israel, mas em Haia o republicano elogiou Netanyahu por conter a retaliação e disse estar orgulhoso do aliado.
Trump afirmou ainda acreditar que o estoque iraniano de urânio enriquecido a 60%, relativamente próximo do necessário para a fabricação de uma arma nuclear, foi atingido pelos bombardeios. “É muito difícil remover esse material”, disse, sugerindo que Teerã não conseguiu transportá-lo antes da ofensiva.
Mesmo admitindo a possibilidade de um novo ataque caso o Irã tente reconstruir sua infraestrutura nuclear, Trump disse esperar “algum tipo de relacionamento” com a República Islâmica e afirmou que “a última coisa” que os iranianos desejam é prosseguir com o enriquecimento. Se as negociações avançarem, concluiu, um acordo poderá ser assinado; caso contrário, Washington “decidirá o que fazer”.
Também nesta quarta, o enviado de Trump para o Oriente Médio, Steve Witkoff, disse em entrevista à emissora de televisão CNBC que o enriquecimento nuclear e o desenvolvimento de armamento pelo Irã continuam consideradas linhas vermelhas para os Estados Unidos.
Sem entrar em detalhes, ele disse acreditar que Washington fará em breve “grandes anúncios” sobre países que vão aderir aos históricos Acordos de Abraão, nos quais os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein concordaram, durante o primeiro mandato do republicano, em reconhecer a existência do Estado judeu.