MILÃO, ITÁLIA (FOLHAPRESS) – O papa Leão 14 recebeu o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), nesta quarta-feira (25), na praça São Pedro, no Vaticano. Após receber cumprimentos e presentes, o papa teria respondido positivamente a um convite para visitar a capital paulista.
“A gente deve receber a visita dele ao Brasil e a São Paulo. Sem data prevista, mas ele comentou que com certeza logo estaria em São Paulo”, disse Nunes à Folha de S.Paulo.
A conversa entre o pontífice e o prefeito aconteceu depois de o secretário Edson Aparecido (Governo) entregar duas bandeiras da cidade ao papa, eleito em 8 de maio. Uma ficou de presente, e outra, abençoada por Leão 14, será levada de volta para capital.
Outro presente foi uma raquete da tenista Bia Haddad o papa já praticou o esporte. A cena foi gravada e publicada nas redes sociais do prefeito. “Sou o sindaco [prefeito] de São Paulo”, diz Nunes, misturando italiano e português, ao cumprimentar o papa. “Estou com meu bispo dom Odilo [Scherer], minha esposa Regina. A nossa cidade é muito católica”, afirma. O papa retribuiu com um cartão com a foto dele.
Nunes, que é católico, também esteve, em maio do ano passado, com o papa Francisco, morto em abril. Para o prefeito, Leão 14 está fazendo um bom trabalho até agora. “Ele é o que a gente espera de um papa: se posicionar em relação às guerras, pedir a paz, ser acolhedor. Ele é muito participativo e disponível”, disse.
Além do Vaticano, a agenda de Nunes na Itália inclui encontros em Milão e Roma, principalmente dedicados a temas de gestão do lixo e mobilidade. Ele está acompanhado por três secretários, além de Aparecido. A volta a São Paulo está prevista para sábado.
Em Milão, o prefeito conheceu a empresa municipal responsável pela coleta e tratamento do lixo. Referência no tema, a cidade italiana tem mais de 60% de coleta seletiva, enquanto São Paulo não supera os 10%. O que não é reciclado vai para usinas de produção de energia elétrica e térmica, sem uso de aterros.
Nunes afirmou ter ido conhecer a tecnologia milanesa para a futura implementação de unidades de recuperação energética na capital. A previsão, disse, é que as duas primeiras estejam prontas em 2028.
O modelo de Milão é sustentado também pelos moradores, por meio de uma taxa do lixo, calculada de acordo com o tamanho do imóvel e o número de moradores. Hoje uma família de três pessoas em uma casa de 90 metros quadrados paga cerca de 260 euros (R$ 1.674,40) por ano.
O prefeito descarta a taxa do lixo em São Paulo, contrariando o Novo Marco do Saneamento Básico, de 2020. “Vamos adequar o nosso sistema para que a gente tenha a melhora desse serviço sem necessariamente criar essa taxa”, disse.
Nunes também teve conversas sobre as 17 linhas de bondes de Milão, que cobrem 160 km. A prefeitura tem projeto de implementar 12 km em duas linhas de VLT (veículo leve sobre trilhos) na região central. Segundo Nunes, a licitação está em fase de preparação.
Ainda no tema mobilidade, o prefeito comentou o julgamento no Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) sobre o decreto que proíbe as corridas de moto por aplicativo. A análise estava prevista para esta quarta, mas foi retirada da pauta. “Eu tenho convicção de que o julgamento vai confirmar que o meu decreto é constitucional. Não tem nada de inconstitucionalidade”, afirmou.
O prefeito diz estar amparado pela Política Nacional de Mobilidade Urbana, cujo texto afirma ser competência dos municípios regulamentar e fiscalizar o serviço de transporte remunerado privado individual de passageiros, e pela lei estadual sancionada nesta terça-feira (24) pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que concede às prefeituras a autonomia para vetar ou regulamentar o mototáxi.