SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A agência de publicidade DM9 reconheceu falhas na divulgação da campanha da Consul que ganhou um prêmio no festival de criatividade Cannes Lions e informou que criará um comitê de ética em inteligência artificial para fomentar o uso responsável da tecnologia.

“Constatamos que houve uma série de falhas na produção e no envio do videocase que acompanha um dos nossos cases premiados no festival. Por essa situação, queremos deixar, desde já, registrado o nosso pedido de desculpas”, afirmou a agência em nota divulgada à imprensa nesta terça-feira (24).

Na semana passada, a DM9 foi acusada de ter manipulado um vídeo apresentado ao júri do festival Cannes Lions 2025 para exagerar a repercussão de uma campanha sobre eficiência energética da Consul. A peça publicitária ganhou o Gran Pix do festival na categoria Creative Data na última quarta-feira (18).

A campanha da DM9 promove iniciativa da Consul de oferta de novos eletrodomésticos, mais eficientes, a famílias de baixa renda, que pagam pelos equipamentos em parcelas com a economia gerada na conta de energia elétrica.

Após a peça ganhar o prêmio, apareceram denúncias no meio publicitário, relatadas pelos sites especializados PropMark e Meio&Mensagem, de que o vídeo de apresentação da campanha aos jurados do Cannes Lions traz manipulações digitais para exagerar a repercussão da campanha da Consul no Brasil.

Uma dessas alterações é em uma reportagem de 2021 da CNN, apresentada pela jornalista Gloria Vanique. Na apresentação, a legenda original da reportagem, “Aumenta a procura por eletrodomésticos mais econômicos”, foi mudada digitalmente para “Economia na conta de luz vira forma de pagamento de eletrodomésticos”.

Na nota divulgada nesta terça, a DM9 isentou a Consul de responsabilidade na divulgação da campanha em Cannes Lions. “Tão logo concluímos a apuração, priorizamos o diálogo transparente com nossos colaboradores e clientes -em especial a Consul, marca pela qual temos profundo respeito, e que não teve qualquer relação com as falhas-, além dos demais envolvidos. Icaro Doria, como Copresidente e CCO, assume total responsabilidade pelo fato.”

A agência afirmou ainda que irá aprimorar as diretrizes do seu código de conduta, “documento que orienta comportamentos em diversas frentes e expressa nosso compromisso com os mais elevados padrões éticos”.

“Além disso, vamos instituir um Comitê de Ética em Inteligência Artificial, com a participação de membros externos e independentes de diferentes segmentos, para estabelecer diretrizes, promover debates e fomentar o uso responsável dessa tecnologia. Queremos ampliar ainda mais as discussões com todos os agentes do setor, contribuindo para que o uso da IA esteja sempre alinhado aos princípios da verdade, do respeito e dos direitos de imagem.”