Da Redação

Doze dias de confronto direto entre Israel e Irã terminaram com os dois lados se autodeclarando vitoriosos — mas a paz, ao que tudo indica, ainda está longe de ser definitiva.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, foi enfático ao afirmar que seu país desmantelou a ameaça de uma aniquilação nuclear por parte do Irã. Já o presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, declarou que, embora Israel tenha iniciado os ataques, foi o Irã quem encerrou a guerra com uma “grande vitória”.

Enquanto líderes trocavam discursos triunfalistas, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, surgiu na segunda-feira (2) como mediador de um cessar-fogo, afirmando que o acordo marcava o fim das hostilidades. Contudo, o alívio durou pouco: horas após o anúncio, os dois países voltaram a se acusar mutuamente de violar a trégua.

Israel disse que o Irã lançou novos mísseis pouco depois do início do cessar-fogo, o que levou o ministro da Defesa israelense, Israel Katz, a ordenar represálias contra alvos estratégicos iranianos. Teerã, por sua vez, denunciou uma nova rodada de bombardeios israelenses, classificando as ações como uma “violação clara” do acordo.

Tentando acalmar os ânimos, Trump voltou a se pronunciar nesta terça-feira (24), reforçando que o cessar-fogo ainda está de pé. Em tom irônico, disse que aviões israelenses estavam “dando meia-volta com um aceno amigável ao Irã”, sinalizando a suspensão dos ataques.

Como tudo começou

O estopim do conflito foi um ataque surpresa de Israel ao território iraniano no dia 13, motivado pela suspeita de que Teerã estivesse prestes a concluir o desenvolvimento de uma arma nuclear — algo negado repetidamente pelos iranianos, que alegam fins pacíficos em seu programa atômico.

No sábado (21), os Estados Unidos intensificaram a crise ao bombardear três instalações nucleares iranianas: Fordow, Natanz e Esfahan. O Irã, signatário do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, insiste que estava em negociação com Washington para selar um novo acordo de fiscalização e uso pacífico da energia nuclear.

A Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea), embora tenha cobrado mais transparência do Irã, nunca apresentou provas de que o país estivesse efetivamente construindo bombas. Ainda assim, o governo iraniano acusa a Aiea de agir sob influência política de potências ocidentais aliadas a Israel.

Em meio à troca de acusações, uma informação volta a ganhar relevância: Israel, embora critique abertamente qualquer avanço nuclear iraniano, nunca admitiu publicamente possuir armamento atômico — mesmo diante de estimativas que apontam a existência de ao menos 90 ogivas no país desde os anos 1950.

A trégua, portanto, parece mais frágil do que nunca. E enquanto os líderes comemoram suas vitórias diante das câmeras, o cenário geopolítico do Oriente Médio continua à beira de uma nova escalada.