Walison Veríssimo

O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) estará em Goiânia nesta segunda-feira (23), como parte de um giro nacional articulado para enfrentar o processo de cassação que ameaça seu mandato na Câmara. A agenda na capital goiana inclui reunião com movimentos sociais, coletiva de imprensa e um ato público marcado para as 19h, na sede do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas de Goiás (STIUEG).

A presença do parlamentar ocorre semanas após ele protagonizar um protesto inusitado no Congresso: uma greve de fome de nove dias. Glauber se recusou a se alimentar em repúdio ao avanço do processo disciplinar na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde o relator, deputado Alex Manente (Cidadania-SP), recomendou a cassação e rejeitou todos os argumentos de sua defesa.

A suspensão temporária do processo foi resultado de um acordo entre Glauber e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que garantiu uma pausa de dois meses para que o deputado pudesse ampliar sua mobilização. Desde então, ele tem percorrido diversas capitais com a “Caravana Glauber Fica!”, iniciativa que articula setores da esquerda e movimentos populares em torno da manutenção de seu mandato.

A denúncia contra o deputado foi apresentada pelo partido Novo e se baseia em um episódio ocorrido em abril do ano passado. Na ocasião, Glauber reagiu fisicamente à presença do militante do Movimento Brasil Livre (MBL), Gabriel Costenaro, que invadiu uma audiência pública na Câmara.

O parlamentar expulsou o manifestante com empurrões e chutes, cena que circulou amplamente nas redes sociais e passou a ser usada como justificativa para o processo por quebra de decoro.

A defesa alegou irregularidades na tramitação, como cerceamento de defesa, suspeição do relator e desproporcionalidade da pena. Todas as alegações foram refutadas por Manente, que sustentou que não caberia à CCJ reavaliar os fatos ou provas já analisados no Conselho de Ética.

Para o PSOL e apoiadores do deputado, o processo representa uma tentativa de criminalizar posturas críticas e independentes dentro do Parlamento. A caravana, dizem, busca denunciar esse cenário e construir apoio popular em defesa da liberdade de expressão e da legitimidade do voto popular.