Da Redação
Diante da crescente tensão no Oriente Médio, o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Mariano Grossi, anunciou neste domingo (22) a convocação de uma reunião extraordinária para a manhã desta segunda-feira (23). O objetivo é discutir os impactos dos recentes ataques aéreos dos Estados Unidos a instalações nucleares no Irã e avaliar os riscos à estabilidade global.
Grossi foi enfático ao dizer que o sistema internacional de não proliferação nuclear — estabelecido há mais de 50 anos como um pilar da segurança global — está sob ameaça. Segundo ele, os eventos mais recentes representam um ponto de inflexão, com potencial para desencadear uma escalada imprevisível.
Inspeções sob risco
Apesar da turbulência, equipes da AIEA permanecem em território iraniano para seguir com as inspeções técnicas nas instalações nucleares. Grossi alertou, no entanto, que o trabalho só poderá ser feito com segurança se houver uma pausa nas hostilidades. A presença dos inspetores é crucial para verificar a integridade de locais como a usina de Fordow, construída em uma montanha, e os complexos nucleares de Isfahan e Natanz, todos alvos dos recentes bombardeios.
O Irã comunicou à agência que os níveis de radiação nas áreas atingidas permanecem dentro da normalidade. Ainda assim, a AIEA insiste na necessidade de uma avaliação presencial e detalhada dos danos, especialmente em estruturas subterrâneas que abrigam material sensível, como o urânio enriquecido.
Apelo por diplomacia
Durante uma reunião emergencial do Conselho de Segurança da ONU, também realizada neste domingo, Grossi fez um apelo direto aos líderes globais: retomar o diálogo imediatamente. Ele reforçou que a diplomacia ainda é possível — e necessária — para evitar o colapso completo do regime de controle nuclear.
“O mundo está diante de uma bifurcação. Se desperdiçarmos essa chance de entendimento, as consequências podem ser catastróficas, tanto para a segurança internacional quanto para o futuro do acordo de não proliferação”, alertou.
O discurso do diretor da AIEA ecoou o posicionamento do secretário-geral da ONU, António Guterres, que clamou por paz e pediu a Israel, Irã e Estados Unidos que retornem à mesa de negociações. Para ambos, o momento exige mais diplomacia do que mísseis — e tempo, segundo eles, está se esgotando.