Walison Veríssimo
Ao receber o título de cidadão aparecidense na noite desta quinta-feira (19), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) usou a tribuna da Câmara Municipal de Aparecida de Goiânia para reforçar sua principal estratégia política para 2026: conquistar maioria no Congresso Nacional. Segundo ele, só com base sólida na Câmara e no Senado será possível “mudar o destino do país”.
“O que eu tenho dito? Me dê 50% da Câmara, 50% do Senado que eu mudo o Brasil”, afirmou, sob aplausos de aliados e apoiadores. Bolsonaro citou como exemplo o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, que, segundo ele, só conseguiu implementar mudanças no país após conquistar ampla maioria legislativa. “Deram mais de 70% e ele mudou El Salvador”, disse.
Durante a fala, o ex-presidente também fez críticas ao governo federal e à tentativa de regulação das redes sociais, que classificou como censura. “Eles vão dizer o que você pode ou não pode falar. Mais fake news do que a grande imprensa já faz é impossível”, afirmou, em referência à atuação da mídia tradicional.
Em tom de convocação, Bolsonaro disse que a direita não pode repetir os erros do passado e voltar a se omitir no debate político. “A pior coisa que pode acontecer é jogar a toalha. Passamos décadas de joelhos, aceitando a esquerda ocupar espaços”, declarou. Para ele, o avanço de seus adversários foi consequência direta da falta de reação dos conservadores em momentos decisivos.
Visivelmente debilitado, o ex-presidente comentou rapidamente sobre seu estado de saúde, afirmando que tem passado mal com frequência. “Vomito dez vezes por dia”, disse, antes de emendar que continuará mobilizado. “Mesmo assim, estou aqui com vocês.”
Ao longo do discurso, Bolsonaro retomou bandeiras simbólicas de sua base: fé, família, patriotismo e proteção à infância. “Voltamos a admirar a nossa bandeira, a cantar o hino, a falar em Deus, em família e na inocência da criança na sala de aula”, afirmou. Ele também atribuiu sua eleição à Presidência à vontade divina: “Foi a mão de Deus que decidiu tudo, não só na minha vida, mas também no meu mandato.”