
Motoristas já podem obter, em poucos minutos, o orçamento para conserto de veículos danificados por meio de fotos tiradas com o celular graças a uma tecnologia desenvolvida em Goiás. A solução foi criada pela empresa goiana Cilia Tecnologia, em parceria com o Centro de Excelência em Inteligência Artificial (CEIA) da Universidade Federal de Goiás (UFG), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg).
Tecnologia utiliza imagens sintéticas — arquivos visuais criados artificialmente, sem necessidade de fotografias reais — para alimentar e treinar sistemas de inteligência artificial (IA) capazes de identificar e orçar danos em veículos automotivos.
“O grande salto foi conseguir ensinar a máquina a reconhecer avarias mesmo quando não há grandes bases de dados disponíveis. Criamos imagens do zero, com diferentes cenários de batidas e danos, para que a IA aprendesse a identificar problemas nas lanternas, portas, para-choques. É algo inédito no Brasil e pouco explorado no mundo”, explica o professor e coordenador do projeto, Anderson Soares.
A inovação não só agiliza o atendimento — que passou de dias para minutos — como permite que o próprio segurado participe do processo de forma mais ativa, reduzindo etapas burocráticas e acelerando até o pagamento do sinistro.

Em alguns casos, as seguradoras já fazem a transferência do valor ao cliente em até duas horas após o envio das imagens. A tecnologia tem potencial de aplicação em diversos setores da economia, como logística, saúde, energia e agricultura.
“A grande inovação foi provar que é possível resolver problemas de IA mesmo sem dados reais em larga escala. Os dados sintéticos abrem portas para diferentes indústrias, com soluções escaláveis e cientificamente relevantes”, destaca Anderson.
Desde 2020, quando a primeira versão da ferramenta foi lançada, a tecnologia evoluiu rapidamente. A versão atual, com imagens sintéticas, já está em uso em quase todas as seguradoras do país. Segundo a Cilia, apenas uma grande operadora ainda não aderiu à solução — o que evidencia a escala nacional e a aceitação de mercado da tecnologia criada em solo goiano.
O projeto também foi reconhecido nacionalmente com o Prêmio Embrapii, em uma seleção que avaliou iniciativas de diferentes áreas do conhecimento. Para o Ceia e para Goiás, o reconhecimento simboliza o avanço do estado no cenário da inovação tecnológica.
A trajetória da Cilia com o Ceia teve início a partir de uma demanda prática da empresa. Foram três ciclos de contratos, envolvendo professores, pesquisadores e estudantes — muitos deles com histórico de formação apoiada pela Fapeg, que idealizou e fomentou o Ceia desde sua concepção.
“A Fapeg foi estratégica. Além do investimento financeiro, houve um planejamento institucional claro, com metas desafiadoras, como a de nos tornarmos uma unidade Embrapii. Isso nos forçou a estruturar melhor nossos processos e consolidar o centro como referência nacional”, afirma Anderson.
Hoje, o Ceia atende 71 empresas, de startups a grandes marcas como Itaú, Cemig, Weg, Positivo e Vivo. A variedade de setores reflete a versatilidade das soluções de inteligência artificial desenvolvidas pelo centro, que também se beneficia do ambiente favorável à inovação criado pelo Governo de Goiás.
Um exemplo disso é a recente aprovação da Política Estadual de Fomento à Inovação em Inteligência Artificial, que posiciona Goiás como pioneiro na regulamentação e estímulo à IA no país. “Enquanto a lei federal ainda é pautada pelo risco, a política goiana olha para a oportunidade. É uma forma inteligente de ocupar uma janela tecnológica com foco no desenvolvimento econômico e social”, conclui o professor.
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Fonte: Agência Cora