A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), condenada por orquestrar uma invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), está prestes a enfrentar uma votação que pode definir seu futuro político. Embora a sentença determine a perda imediata do mandato, a decisão final agora caberá ao plenário da Câmara dos Deputados.

Inicialmente, o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), havia anunciado que a cassação seria oficializada diretamente pela Mesa Diretora. No entanto, recuou e encaminhou o caso para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), abrindo caminho para um processo legislativo completo. Motta justificou a mudança afirmando que o plenário deve ter a palavra final.

Zambelli, que atualmente está licenciada do cargo, terá até cinco sessões da Câmara para apresentar sua defesa à CCJ. Em seguida, a comissão terá mais cinco sessões para emitir um parecer, que será votado pelos deputados. A expectativa do presidente da CCJ, Paulo Azi (União Brasil-BA), é de que a análise ocorra ainda em julho. Para que o mandato seja cassado, são necessários 257 votos favoráveis em plenário.

Zambelli foi condenada por ser a mentora de um ataque cibernético que envolveu a inserção fraudulenta de documentos nos sistemas do CNJ, incluindo um falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes. A operação foi executada pelo hacker Walter Delgatti, que também foi denunciado.

Segundo o procurador-geral da República, Paulo Gonet, a ação teve motivação política e buscava criar desconfiança sobre o Judiciário, alimentando o discurso de ruptura institucional. Ele classificou os crimes como de “alta gravidade”, por atentarem diretamente contra o funcionamento das instituições democráticas.

Agora, caberá aos deputados decidir se Zambelli continuará com o mandato ou será afastada de vez da Câmara.