SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Após viver o alter ego de Steven Spielberg em “Os Fabelmans” (2022), o ator Gabriel LaBelle, 22, volta a interpretar um personagem inspirado em um dos nomes mais importantes do entretenimento mundial em “Saturday Night: A Noite que Mudou a Comédia”. O filme, que não teve estreia comercial no Brasil, entrou discretamente no catálogo do serviço de streaming Max nas últimas semanas.

No longa, LaBelle vive Lorne Michaels, criador do Saturday Night Live, programa que completa 50 anos no ar neste ano. “É uma pressão total porque, sabe, essas pessoas significam muito para muita gente”, comenta o ator ao F5. “Você quer fazer tudo certo por eles e por aqueles que os conhecem –e também pelos que ainda vão conhecer.”

A trama mostra as horas que antecederam a exibição ao vivo do primeiro programa, no dia 11 de outubro de 1975. Em longuíssimos e elaborados planos-sequência, Michaels tenta fazer todas as peças do enorme quebra-cabeças que era uma produção com centenas de profissionais (e egos) envolvidos se encaixarem.

“Foi facilmente o filme mais complicado que já fiz”, conta o diretor Jason Reitman. “Para criar todo esse caos, você precisa coreografá-lo como um balé. Havia 80 papéis com falas e 80 figurantes, todos trabalhando em conjunto com o som e com a câmera. Durante meses, ensaiamos os movimentos para que, quando você assistisse ao filme, sentisse que estava em um lugar real e vivo.”

Um relógio que faz a contagem regressiva para a hora da estreia adiciona uma camada de tensão –ajustar os ponteiros do relógio de parede em algumas sequências foi o único efeito visual de que Reitman se permitiu lançar mão. “Queríamos que o filme fosse uma montanha-russa, sempre disse que é mais um thriller do que uma comédia”, comenta o cineasta. “Por isso, o público precisa estar muito consciente do relógio.”

O projeto começou a ser pensado ainda em 2008, quando ele participou como roteirista convidado do SNL e ficou encantado com os bastidores do programa. “A semana começa na terça-feira sem nada e, até sábado, tem um programa de 90 minutos finalizado”, conta. “Você ficaria surpreso com o que é capaz de fazer em seis dias. É como criar uma peça escolar, mas na televisão nacional, com artesãos brilhantes, atores hilários e alguns dos melhores escritores vivos.”

Entre os personagens, estão vários nomes que se tornaram conhecidos do grande público nos anos seguintes, o que tornou a escolha do elenco mais complexa. “Definitivamente queríamos pessoas que se parecessem com os originais”, diz o diretor. “Tivemos muita sorte, especialmente com caras como John Belushi (1949-1982) e Chevy Chase, para os quais encontramos pessoas com aparências muito próximas. Mas o mais importante era: eles sabiam qual era a essência desses personagens?”

No caso de LaBelle, ele deu a sorte de poder conhecer o Lorne Michaels da vida real, que não só está vivo como, aos 80 anos, ainda atua nos bastidores do SNL. “Não conversei com ele nem o entrevistei ou algo assim, mas ele nos convidou para assistir ao programa pessoalmente logo antes de começarmos a filmar”, lembra. “Isso foi realmente generoso da parte dele. Ele não precisava fazer isso, mas ele meio que nos deu sua bênção. Foi realmente adorável.”

Ele diz que a genialidade do produtor foi levar para a televisão tudo o que estava vendo acontecer a seu redor. “Naquela época estava rolando Woodstock, a luta pelos direitos civis, o movimento feminista… Havia toda essa mudança massiva acontecendo, e que não era traduzida para a TV”, avalia.

“As pessoas não estavam vendo o que queriam ver”, prossegue. “E havia esse cara que realmente queria mudar as coisas, e ele sabia que isso conectaria uma geração inteira de pessoas que não estava sendo ouvida, atendida ou representada.”

Reitman concorda. “Se você pensar sobre o humor na televisão dos EUA até aquele momento, ela seguia uma tradição que remontava ao rádio, que remontava ao vaudeville”, compara. “O que queríamos capturar no filme é justamente o momento em que uma geração arranca o bastão das mãos da anterior. Sinto que isso havia acontecido na música, no cinema e, em 1975, aconteceu na televisão.”

“SATURDAY NIGHT: A NOITE QUE MUDOU A COMÉDIA”

Quando: Disponível na Max

Classificação: 16 anos

Elenco: Gabriel LaBelle, Rachel Sennott, Cory Michael Smith, Dylan O’Brien, Kaia Gerber e Willem Dafoe, entre outros.

Direção: Jason Reitman