SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O Mundial de Clubes reúne os melhores times dos últimos quatro anos de cada continente, mas longe de toda a “pompa” dos gigantes europeus e sul-americanos, o Auckland City, da Nova Zelândia, chega à competição com o status de equipe amadora. Hoje, o time neozelandês enfrenta o Bayern de Munique.
O amadorismo do Auckland City é declarado pelo próprio clube. A afirmação é uma das primeiras no site oficial do time neozelandês.
“O Auckland City FC é um clube amador, com nossos jogadores tendo ocupações em tempo integral fora do futebol ou estudando de alguma forma”, comunicou o Auckland City
Os atletas levam vida de “jornada dupla” e conciliam os treinos e jogos com outras profissões. O elenco tem desde pintor até corretor imobiliário e barbeiro [veja a lista abaixo].
“Somos um time amador. Meus colegas são pintores, professores, trabalhadores de depósito ou corretores imobiliários. Posso dizer que só ganho a vida com futebol porque, além do meu trabalho como jogador, também trabalho como treinador na academia de futebol do nosso clube”, disse Gerard Garriga, meio-campista do Auckland, ao Bild.
Alguns jogadores da equipe precisaram tirar férias não remuneradas dos seus empregos para poderem jogar a Copa do Mundo de Clubes. O propósito? Aparecer aos olhos do mundo todo e evitar goleadas contra Bayern de Munique, Benfica e Boca Juniors, rivais no Grupo C.
“Nossas chances de ganhar são quase zero. Alguns jogadores precisaram sacrificar suas férias para ir aos jogos […] Acho isso impossível [uma vitória] ou até mesmo um empate. Se sofrermos cinco gols ou menos, acho que podemos sair do estádio de cabeça erguida. Ficaria muito feliz se deixássemos os neozelandeses e nossas famílias orgulhosos e não nos envergonhássemos. No vestiário, brincamos que faríamos uma verdadeira festa se perdêssemos por apenas 2 a 0”, seguiu Gerard Garriga.
Amador, sim. Soberano, também
O Auckland City é, hoje, o principal time de futebol na Oceania. A equipe foi fundada em 2004, teve crescimento rápido e passou a dominar não só a Nova Zelândia, como também o continente.
A sala de troféus do Auckland está cheia: são 13 títulos da Liga das Campeões da Oceania e 12 conquistas do Campeonato Neozelandês. Todos estes troféus compartilham espaço com taças de competições locais menores.
As conquistas continentais tornaram o Auckland City presença constante em Mundiais de Clubes. A equipe neozelandesa disputou 12 edições no antigo formato na competição e será a única representante na Oceania neste ano -há apenas uma vaga para o continente, destinada ao melhor time no ranking da Fifa.
A soberania tem uma “ajuda” de outros times locais. O Wellington Phoenix e o Auckland FC surgiram como times profissionais na Nova Zelândia, mas decidiram se filiar à federação da Austrália. Portanto, atuam nas competições australianas e disputam torneios continentais na Ásia, uma vez que a Austrália deixou a Confederação da Oceania para jogar na Confederação Asiática.
Sem os australianos e os times profissionais locais, a missão ficou “mais fácil”. O Auckland City enfrenta, além de outros times amadores da Nova Zelândia, equipes de países menores, como Papua Nova-Guiné, Fiji e Ilhas Salomão nos jogos pela Liga dos Campeões da Oceania.
Ídolo sul-americano
O maior jogador da história do Auckland City é argentino. Emiliano Tade chegou ao clube em 2011 e permaneceu até meados de 2020. O restante da carreira foi discreto.
Tade é o jogador com mais jogos, o maior artilheiro e o maior assistente da história do Auckland City. Ao todo, ele participou de 230 jogos, marcou 134 gols e deu 59 assistências.
Profissões dos jogadores do Auckland City
– Adam Mitchell (Zagueiro) – Corretor de imóveis
– Conor Tracey (Goleiro) – Estoquista
– Mario Ilich (Meia) – Representante de vendas da Coca-Cola
– Christian Gray (Zagueiro) – Professor em formação
– Nikko Boxall (Zagueiro) – Corretor em empresa de seguros
– Paris Domfeh (Meia) – Estudante universitário
– Myer Bevan (Atacante) – Estuda educação física e personal training
– Gerard Garriga (Meia) – Treinador em academia de futebol
– Angus Kilkolly (Atacante) – Operador em empresa de ferramentas
– Dylan Manickum (Meia) – Engenheiro assistente de obra
– Ryan De Vries (Atacante) – Polidor de carros
– Regont Murati (Lateral) – Product Owner
– Jordan Vale (Lateral) – Professor em escola de ensino fundamental
– Jeremy Foo (Meia) – Estudante de ciências
– Jerson Lagos (Atacante) – Barbeiro
– Sebastián Ciganda (Goleiro) – Limpador de piscinas
– Dylan Connolly (Lateral) – Fisioterapeuta
– Matt Ellis (Meia) – Assistente de vendas em empresa de alimentos
– Adam Bell (Lateral) – Vendedor no varejo e estudante
– Tong Zhou (Meia) – Líder de programa comunitário e educador ligado ao King’s College
– Alfie Rogers (Lateral) – Representante de vendas da Coca-Cola
– Natha Garrow (Goleiro) – Estudante em tempo integral
– Michael De Heijer (Zagueiro) – Líder de equipe na LifeChanger Foundation
– David Yoo (Meia) – Treinador comunitário de futebol
– Ryan Ellis (Atacante) – Estudante universitário e técnico de base
– Haris Zeb (Atacante) – Treinador comunitário de futebol
– Areya Prasad (Goleiro) – Estudante do St. Peter’s College
– Jackson Manuel (Meia) – Treinador comunitário de futebol