SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A investigação sobre o acidente com o avião da Air India que matou mais de 240 pessoas está concentrada em possíveis falhas no motor, no trem de pouso e nos flaps, dispositivos nas asas que ajudam na sustentação da aeronave, disseram autoridades à agência de notícias Reuters nesta sexta-feira (13). O desastre, considerado o pior da aviação mundial em uma década, ocorreu na quinta, logo após a decolagem na cidade de Ahmedabad, no oeste indiano, rumo ao aeroporto de Gatwick, em Londres.

O avião, um Boeing 787-8 Dreamliner com 242 pessoas a bordo, perdeu altitude poucos segundos depois de deixar o solo e explodiu ao atingir uma área residencial. Apenas um passageiro sobreviveu, e a imprensa indiana afirma que até 24 pessoas que estavam em terra também morreram. A Reuters não pôde confirmar esse número de forma independente.

Uma autoridade com conhecimento do assunto disse à agência que a Air India e o governo indiano analisam vários aspectos do acidente, incluindo questões relacionadas ao impulso do motor, ao funcionamento dos flaps e o motivo de o trem de pouso não ter sido recolhido após a decolagem.

Especialistas investigam ainda as condições de manutenção da aeronave e se houve falhas por parte da companhia aérea. A hipótese de colisão com aves não está entre os focos principais da investigação, segundo as autoridades ouvidas pela Reuters. Equipes antiterrorismo também participam das apurações, mas não há elementos até aqui que indiquem a possibilidade de um ataque.

O governo indiano estuda a manutenção de toda a frota de Boeing 787 do país em solo durante a investigação. Procuradas pela Reuters, a Air India, a Boeing e o Ministério da Aviação Civil não tinham se manifestado até a noite desta sexta.

A Air India possui mais de 30 aeronaves Dreamliner, incluindo os modelos 787-8 e 787-9. Uma autoridade da companhia aérea informou que, até o momento, o governo não comunicou nenhuma decisão sobre a suspensão dos voos.

Por outro lado, a autoridade de aviação civil da Índia ordenou que a Air India faça inspeções adicionais nos aviões desse modelo equipados com motores GEnx, os mesmos da aeronave que caiu.

O Ministério da Aviação informou ainda que uma das duas caixas-pretas da aeronave –o gravador digital de dados de voo– foi recuperada do telhado de um dos edifícios atingidos. A outra caixa-preta, que registra as conversas da cabine, ainda não havia sido localizada.

Durante todo o dia, equipes de resgate vasculharam o local do acidente e procuraram corpos e pessoas consideradas desaparecidas, bem como peças da aeronave que pudessem ajudar a explicar o acidente. Especialistas do Reino Unido e dos Estados Unidos chegaram à Índia para ajudar nas investigações.

O avião que caiu foi entregue à Air India em janeiro de 2014 e havia feito seu primeiro voo em 2013, segundo o site de rastreamento de voos Flightradar24. Trata-se do primeiro acidente fatal envolvendo um Dreamliner desde que o modelo começou a operar comercialmente, em 2011, de acordo o Aviation Safety Network, site que mantém o registro de acidentes e incidentes aéreos. Entre os passageiros estavam 169 cidadãos indianos, 53 britânicos, sete portugueses e um canadense.