Em um movimento que amplia drasticamente as tensões no Oriente Médio, Israel lançou nesta sexta-feira (13) uma série de ataques aéreos sobre o território iraniano, classificando a ação como uma medida “preventiva” contra ameaças existenciais. O governo israelense já havia advertido sua população para o risco de retaliação com mísseis e drones lançados pelo Irã.
A ofensiva foi batizada de “Nação de Leões” e teve como foco instalações ligadas ao programa nuclear iraniano. Segundo o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, a operação foi planejada para “desmantelar a ameaça que o Irã representa à sobrevivência do Estado judeu”.
A mídia estatal iraniana confirmou que o ataque resultou na morte de figuras-chave da hierarquia militar do país. Entre os mortos estão o comandante das Forças Armadas, Mohammad Bagheri, o chefe da Guarda Revolucionária, Hossein Salami, e o vice-comandante Gholamali Rashid. Além disso, ao menos seis cientistas nucleares teriam morrido durante os bombardeios.
O ataque ocorreu em meio a um delicado momento diplomático. Os Estados Unidos, que lideravam negociações com Teerã para limitar seu programa de armamento nuclear, haviam pressionado por uma solução pacífica. O presidente Donald Trump havia manifestado publicamente sua oposição a qualquer ataque israelense, temendo que isso inviabilizasse os esforços diplomáticos. No entanto, a iniciativa israelense se concretizou um dia após a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) criticar o Irã por descumprimento de normas de não proliferação nuclear.
Analistas já consideravam a ação iminente. Em 2024, Israel havia comprometido o sistema de defesa aérea do Irã em ataques anteriores e, desde então, planejava uma nova ofensiva. Na última quarta-feira (11), os EUA evacuaram diplomatas do Iraque e autorizaram a saída de familiares de militares em várias regiões do Oriente Médio, antecipando possíveis desdobramentos.
A escalada atual representa uma virada na guerra velada que há décadas opõe Israel e Irã. Durante anos, o Irã apoiou milícias hostis a Israel e realizou ataques indiretos a seus interesses. Israel, por sua vez, tem promovido ações clandestinas contra cientistas e infraestruturas iranianas.
A guerra nas sombras se intensificou desde o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, que desencadeou não apenas o conflito em Gaza, mas também um enfrentamento mais amplo entre Israel e grupos aliados do Irã, como o Hezbollah, facções armadas no Iraque e os rebeldes Houthi no Iêmen.
A ofensiva desta sexta-feira é mais um capítulo desse confronto cada vez mais aberto. A comunidade internacional agora observa com apreensão a resposta de Teerã — e o possível início de uma nova fase de conflito direto no coração do Oriente Médio.