SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Nesta edição, falamos sobre a crise da Boeing, aprofundada pela tragédia que matou mais de 240 pessoas ontem. Prata vira plano C dos investidores para se proteger do dólar, IA precisa da criatividade humana para evoluir, é necessário refletir sobre o futuro das big techs? E o que importa no mercado.

*TRAGÉDIA NA BOEING*

Ontem, aconteceu o pior desastre aéreo do mundo em uma década. Um avião da Air India que transportava 242 pessoas caiu em uma área residencial minutos depois de decolar em Ahmedabad. O destino do voo era o aeroporto Gatwick, em Londres, no Reino Unido.

Segundo a companhia aérea, somente um passageiro sobreviveu.

A aeronave envolvida no acidente é um Boeing 787-8 Dreamliner –um avião que, até o momento, não havia caído nenhuma vez. O acidente aumenta a magnitude da crise da fabricante, que já não era pequena.

Histórico. Modelos como o 737, 747 e o 777 da Boeing estiveram envolvidos em alguns dos acidentes aéreos mais marcantes das últimas décadas. Aí vão exemplos:

Um voo da Malaysia Airlines em um 777 caiu em março de 2014, no Oceano Índico, matando 239 pessoas;

Uma colisão entre um jato executivo Legacy 600 e um 737 no Mato Grosso matou 154 pessoas em 29 de setembro de 2006.

O modelo 787 foi apresentado como uma renovação da fabricante, um modelo ultra moderno e muito resistente a falhas. Quase como uma virada de página, dá para dizer. A tragédia de ontem é um déjà-vu para a americana.

↳ Antes de atribuir a pecha de falha à Boeing, alguns cuidados. Outras produtoras, como a Airbus, também tiveram aeronaves envolvidas em acidentes gravíssimos. Mais importante, não sabemos a causa do acidente. Sem conclusões precipitadas.

🌎 Acontece no mundo…acontece na bolsa. A repercussão no pregão foi imediata. As ações da Boeing, listadas na NYSE (Bolsa de Valores de Nova York), foi imediata.

Os papéis terminaram em queda de 4,79%;

Pela manhã, quando a aeronave caiu, a queda chegou a 8%.

Um ano de crise. 2024 foi difícil para a Boeing, financeiramente falando.

Ela teve um prejuízo anual de US$ 11,8 bilhões (R$ 69,1 bilhões) no ano anterior, o maior desde a pandemia da Covid-19, segundo o balanço do último trimestre, divulgado em janeiro.

Em janeiro daquele ano, a porta de um 737 operado pela Alaska Airlines foi ejetada em pleno voo, o que inaugurou um período complicado.

Escrutínio. Investigações da FAA (Administração Federal de Aviação dos EUA) trouxeram à tona problemas nas fábricas –irregularidades na construção das aeronaves e pressão para rapidez nas linhas de produção.

Na época, a empresa disse que tomaria as medidas necessárias para melhorar a qualidade e a segurança, mas o caos já estava instaurado.

*CHUVA DE PRATA*

Os investidores estão partindo para os Planos C e D para salvaguardar o dinheiro. Foram do dólar para o ouro, do ouro para a prata e da prata para a platina. A situação da economia global está difícil a este ponto.

🧓 Tataravô. Antes de o dólar pensar em existir, o ouro já ditava quem era rico e quem não era. Com o passar do tempo, foi substituído pela divisa americana no mundo dos negócios, mas nunca perdeu o status de valioso.

Por isso mesmo, ele é um lugar seguro para deixar o dinheiro suado: quando você quiser vender o metal precioso, é quase garantido que alguém vai querer comprar.

Em polvorosa. Se você é um leitor assíduo desta newsletter, sabe que o comércio internacional está confuso. Em momentos assim, é comum que o mercado financeiro procure investimentos atrelados ao dólar. Mas, e quando os Estados Unidos são a fonte principal do problema? Daí, eles voltam para o ouro.

📈 Lá em cima. Sobe a demanda, sobe o preço. O ouro, que já não é tão barato, está cada vez mais caro. O preço da onça do metal já subiu 25% desde o início do ano –ou seja, está caríssimo. Por isso…

…a chuva de prata começou. O metal atingiu o maior valor em 13 anos e a platina chegou ao nível mais alto em quatro anos, com ambos registrando uma alta superior a 10% só em junho. Os fundos de índice com lastro em prata registraram forte entrada de recursos: mais de 300 toneladas em junho, contra 150 toneladas em maio.

Mais do que joias. A prata e a platina não são metais destinados apenas para uso estético ou financeiro, e sim usados em contextos industriais.

Para algumas indústrias, como a automotiva, não é bom que o preço destes materiais suba além das variações normais do mercado.

A platina, por exemplo, se beneficiou do recuo do mercado automobilístico na jornada da eletrificação dos carros. O metal é usado em conversores catalíticos de motores a combustão e híbridos.

A prata, por sua vez, é usada em painéis solares, soldas, baterias e revestimento para vidro.

*INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL, CRIATIVIDADE HUMANA*

O quanto uma inteligência artificial pode ser independente se precisa de conteúdo criado por humanos para pensar? A pergunta é levantada diante do uso de textos jornalísticos, imagens, artigos, livros, entre milhares de outras criações humanas para treiná-la.

A briga por direitos autorais já era complicada o suficiente quando era travada apenas entre humanos. Imagine agora, que os computadores estão envolvidos.

Os primeiros. Veículos jornalísticos saíram na vanguarda dos processos contra empresas de IA. Fazer o que, temos o hábito de ser criteriosos.

New York Times, Chicago Tribune, The Intercept, Wall Street Journal, Washington Post, estão entre aqueles que processaram empresas como a OpenAI e a Microsoft por uso indevido das reportagens que publicam no adestramento da tecnologia generativa.

Novo marco. Agora, a bruxa está solta. Pela primeira vez, os titãs do audiovisual se sentiram lesados. Disney e Universal processam a Midjourney, startup que gere uma IA para criação de imagens, por usarem sua produção cultural ilegitimamente.

O processo de 110 páginas acusa a startup de “se apropriar de inúmeras” obras protegidas por direitos autorais para treinar seu software, que permite às pessoas criar imagens que “incorporam e copiam descaradamente os famosos personagens da Disney e da Universal”.

“A Midjourney é uma aproveitadora e um poço sem fundo de plágio”, afirmaram as empresas no processo. Sentiu?

Momento decisivo. Empresas de setores criativos –ou que, em alguma medida, trabalham com a propriedade intelectual– sentem a necessidade de brecar a inteligência artificial. Elas perderam o controle, por exemplo, da imagem de personagens que definem as marcas.

Talvez você já tenha cruzado por aí com um Mickey praticando atividades duvidosas. É isto que elas querem evitar.

A ação judicial mostra a iniciativa da área em garantir o seu espaço em um mundo onde produzir entretenimento pode ser cada vez mais fácil.

Freio desnecessário (?) Defensores da indústria de IA respondem que os grandes estúdios estão tentando barrar um avanço tecnológico que poderia liberar uma nova onda de criatividade.

*O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER*

🪙 1 libra…é o preço pelo qual uma rede de lojas que vendia produtos por 1 libra foi comprada no Reino Unido.

🇩🇪 Tomando suplemento. Depois de tempos de vacas magras, os institutos projetam que a economia da Alemanha voltará a crescer.

☝️ “Com uma condição”. Segundo empresas americanas, os chineses até estão dispostos a voltar a vender as terras raras –mediante à doação de informações sigilosas.

📆 30 dias…é o novo limite estabelecido pelo governo para o auxílio-doença concedido por atestado médico.