RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O percentual de crianças de 0 a 3 anos matriculadas em creches no Brasil aumentou de 38,7% em 2023 para 39,8% em 2024, apontam dados divulgados nesta sexta (13) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Com o resultado do ano passado, equivalente a 4,4 milhões de pessoas, a taxa de escolarização desse grupo renovou o recorde de uma série histórica iniciada em 2016.
O percentual, contudo, ainda não conseguiu romper o patamar de 40%, e segue abaixo da meta do PNE (Plano Nacional de Educação) o objetivo era colocar ao menos 50% das crianças de 0 a 3 anos em creches até 2024.
O Censo Escolar, coordenado pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), já havia apresentado um retrato similar, com descumprimento da meta.
Os dados do IBGE integram um módulo de educação da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua).
Em 2024, a maior taxa de escolarização de 0 a 3 anos foi a do Sudeste (46,9%), conforme a pesquisa. O Norte teve a menor (22,5%).
Em 2016, ano inicial da série, o percentual de crianças de 0 a 3 anos matriculadas em creches no Brasil era de 30,3%. Ou seja, a taxa nacional cresceu 9,5 pontos percentuais em oito anos, até alcançar os 39,8% em 2024.
DECISÃO DOS PAIS E FALTA DE VAGAS IMPACTAM
Segundo a estimativa da Pnad, o Brasil tinha quase 11,2 milhões de crianças de 0 a 3 anos no ano passado. Do total, 6,7 milhões (60,2%) não frequentavam creches.
O levantamento analisa os possíveis motivos por trás do afastamento da escola, e os dados parecem indicar um fenômeno “mais cultural”, ligado principalmente a decisões dos pais, disse William Kratochwill, analista da pesquisa do IBGE.
Em 2024, 60% das crianças de 0 a 3 anos que não frequentavam creches estavam fora por opção dos pais ou responsáveis, sinaliza a Pnad.
É a principal razão apontada no estudo. O percentual foi de 63,6% entre os bebês de 0 a 1 ano e de 53,3% entre as crianças de 2 a 3 anos fora da creche.
O segundo motivo mais indicado foi não ter escola ou creche na localidade, falta de vaga ou não aceitação do candidato em razão da idade.
A situação afetava 33,3% das crianças de 0 a 3 anos que não estavam matriculadas no país. A proporção era de 30,1% na faixa de 0 a 1 ano e de 39% na de 2 a 3 anos fora da creche.
Os dados do IBGE também trazem um detalhamento regional para esses quesitos.
A opção dos pais ou responsáveis de não levar as crianças de 0 a 3 anos para escola ou creche teve maiores percentuais no Centro-Oeste (65,3%), no Sudeste (64,2%) e no Sul (61,4%), todos acima do dado nacional (60%). Norte (56,1%) e Nordeste (54,7%) ficaram abaixo da média do Brasil.
Essas duas regiões, por outro lado, mostraram percentuais mais altos de crianças de 0 a 3 anos fora das creches em razão da falta de instituições ou de vagas ou da não aceitação por motivos de idade.
Os patamares foram de 40,3% no Norte e de 39,8% no Nordeste, acima do dado nacional (33,3%) e das demais regiões Sul (29,9%), Centro-Oeste (29,3%) e Sudeste (27%).
Outro grupo analisado na Pnad é o de crianças de 4 a 5 anos na pré-escola. Nesse caso, a taxa de escolarização foi de 93,4% em 2024, nível um pouco acima de 2023 (92,9%) e mais próximo da meta de universalização (100%) do PNE.