SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O mercado ainda tenta encontrar a fórmula do amor. Enquanto isso, as ações de apps de relacionamento, como Tinder e Bumblr, despencam nos pregões. “Molecagem” na Câmara, China e EUA tentam se acertar mais uma vez, Zuckerberg quer o pódio da IA, energia nuclear está na moda de novo e outros destaques do mercado.
*A FÓRMULA DO AMOR ❤️🔥*
Amor é fogo que paga sem se ver não era assim o poema de Camões? Se tem uma coisa que você, que lê esta newsletter, sabe, é que existe um mercado para tudo neste mundo. Para a paixão, não seria diferente.
Ele anda apagado nos últimos tempos, com as ações das empresas que comandam apps de relacionamento pulsando cada vez mais lento. Neste dia dos namorados, vamos aos detalhes.
Lua de mel. Quando o formato app de relacionamento bombou pela primeira vez, liderado pelo Tinder, o negócio parecia um ponto sem retorno: seria impossível escapar da modernidade nas relações. Se você não conheceu seu atual em um app, vai conhecer o próximo.
O mercado financeiro refletiu o entusiasmo:
O Match Group dono de marcas como o Tinder, o Match.com, Hinge, OkCupid, Pairs, entre outros fez seu IPO em 2015. Bombou.
Em 2021, com todo mundo preso em casa por causa da pandemia, o grupo viu um novo impulso no sucesso.
O Bumble, concorrência que prometia dar mais controle da experiência para as mulheres, aproveitou o momento e fez seu IPO em fevereiro de 2021. O preço dos papéis subiu 85% no dia da estreia.
↳ IPO (se diz ai-pi-ô, no mundo dos negócios) é uma sigla para Initial Public Offering. É a primeira oferta que uma empresa faz de suas ações em uma bolsa de valores. Dali em diante, os papéis ofertados nesse momento são comprados e vendidos por investidores.
A vida voltou ao normal e os casais voltaram a se encontrar nas ruas, nos bares e nas esquinas. É claro que os aplicativos de relacionamento continuaram ocupando um espaço na vida moderna, mas menor do que na pandemia.
Como se dá a sobrevivência de uma empresa cujo objetivo é que você pare de usá-la? Ainda, quem não achou a cara-metade começou a se cansar da dinâmica desses apps. Com isso, os investidores se afastaram dos papéis.
🔁 Caiu na rotina. Uma grande questão do mercado em relação a estas empresas é o tédio. Muitos usuários se cansaram do formato e o negócio não permite muitas alterações.
O Tinder tem tentado inserir novas ferramentas, como o filtro de altura e a possibilidade de usar o app em dupla, mas nada que seja inovador de verdade.
A Match Group tenta sobreviver criando redes que atraiam grupos específicos, como o Feeld, que mira relações não-monogâmicas, ou o Stir, que reúne pais solo.
As pessoas também estão cada vez menos dispostas a pagar os planos premium dos sites, que são uma parte importante da receita deles.
Estas aplicações estão sendo percebidas como negócios saturados. Fica a pergunta: como reacender a chama?
*ACABOU?*
Você sabe que a resposta é não. Mas será que está mais perto de acabar? Antes de começar a falar sobre a guerra comercial entre Estados Unidos e China, vale um lembrete que ainda não faz nem seis meses que Donald Trump começou o seu mandato. Agora sim, vamos começar.
Chumbo trocado não dói. A China deve retomar as exportações de terras raras e, em contrapartida, os EUA aceitarão os estudantes do país rival em suas universidades. Nós somos nós dizendo, esta é a versão do presidente americano.
Segundo Trump, os adversários chegaram a um acordo razoável ontem, nas reuniões que aconteceram entre as lideranças de ambos em Londres.
“Estamos recebendo um total de 55% de tarifas, a China está recebendo 10%. A relação é excelente!”, postou Trump em sua rede social Truth Social.
A proposta ainda está sujeita à aprovação dele e de Xi Jinping.
Fácil assim? Segundo o Wall Street Journal, a China vai impor um limite de seis meses nas licenças de exportação de terras raras para os EUA. Isso daria a Pequim poder de barganha caso as tensões comerciais se intensifiquem novamente.
↳ A China ainda não confirmou nada, mesmo que Trump já esteja cantando vitória.
🍵 Colher de chá. A pausa das tarifas recíprocas aquelas divulgadas em uma enorme tabela no tarifaço acaba em 8 de julho. Os países afetados teriam até esta data para chegar a um tratado satisfatório com os americanos.
O líder republicano e seu secretário do Tesouro, Scott Bessent, indicaram ontem que este prazo pode ser estendido para países que estejam negociando as taxas com boa fé. Contudo, ninguém definiu o que é preciso para que uma fé seja boa.
O presidente diz que acordos estão sendo negociados com parceiros comerciais como Japão, União Europeia e Coreia do Sul.
“Estamos arrasando em termos de acordos”, disse. “Estamos negociando com vários países e todos querem fazer um acordo conosco.”
Ele ainda afirmou que os EUA enviariam cartas em uma ou duas semanas descrevendo os termos dos acordos comerciais para dezenas de outros países, que poderão aceitar ou rejeitar.
E o Brasil? Até o momento, nenhum acordo ou diálogo entre Brasília e Washington foi divulgado.
*QUEM TEM MEDO DE RADIAÇÃO ☢️*
O Reino Unido, não tanto assim, pelo jeito. O país anunciou que vai construir uma usina nuclear depois de passar 30 anos sem investir nesta matriz energética.
O gasto deve ser de até 14,2 bilhões de libras, o que resulta em cerca de R$ 106 bilhões.
💰 Para a economia local pode ser um bom negócio. A expectativa do governo é que o projeto crie dez mil empregos e ajude a iluminar seis milhões de residências.
A monarquia começou a (re)ver as usinas de fissão nuclear com bons olhos de uns tempos para cá: elas produzem grandes volumes de energia elétrica constante com poucas emissões.
Aí vão informações de um levantamento da Associação Nuclear Mundial sobre o assunto:
820 gCO² por quilowatt por hora é quanto emite uma usina que produz energia a partir do carvão mineral (termelétricas);
24 gCO² por kWh é a emissão média de hidrelétricas, principal matriz energética do Brasil;
24 gCO² por kWh é o gás emitido em média pelas usinas nucleares;
A matriz eólica, que usa turbinas para captar o vento e gerar energia, é a única que emite menos gás carbônico, de acordo com a instituição.
Quem tem medo? Muita gente. Não é à toa, é necessário criar um sistema de segurança muito grande para manter uma planta nuclear. O mundo ficou traumatizado por eventos como o acidente em Tchernóbil, na Ucrânia, e em Fukushima, no Japão.
Isto para não citar as bombas nucleares lançadas pelos americanos em Hiroshima e Nagasaki, também no Japão. Ali deu para ver bem o que a fissão nuclear é capaz de fazer com as pessoas, por gerações a fio.
Dinheiro em jogo. É muito caro construir uma usina dessas, justamente porque há muito investimento em tecnologia para segurança e otimização da produção.
Os britânicos esperam que o investimento seja ressarcido em alguns anos, com um fornecimento estável de energia para regiões do país. Quem vai construí-la é um grupo estatal francês, o EDF (Électricité de France).
🧠 Quem precisa de mais energia? A inteligência artificial. Há cada vez mais demanda por data centers para rodar esses sistemas, o que também aumentou o apelo por fontes de energia produtivas e limpas.
[+] Segundas intenções? Na semana passada, o Reino Unido anunciou uma reforma na estratégia de defesa do país para reagir às novas ameaças do mundo atual (leia-se, a Rússia, os EUA, a China e todo mundo).
Entre os planos, o aumento da frota de submarinos movidos a energia nuclear.
Ainda, anunciou que destinará 15 bilhões de libras (cerca de R$ 112 bilhões) para desenvolver um novo modelo de ogiva nuclear.
*CORRENDO ATRÁS DE NÃO FICAR NO PREJUÍZO*
Camarão que dorme a onda leva. Esta é uma verdade cristalizada na cultura popular brasileira e alguém está precisando ensiná-la para Mark Zuckerberg.
Sentindo que está ficando para trás na corrida entre big techs pelas inovações em inteligência artificial, o CEO da Meta negocia um investimento multibilionário na startup de Scale AI, segundo fontes próximas do assunto.
Muito ouro. O financiamento pode exceder o valor de US$ 10 bilhões (R$ 55,9 bi), tornando-o um dos maiores aquisições de todos os tempos. Os termos do acordo ainda não são definitivos.
Quem? A Scale AI, cujos clientes incluem Microsoft e OpenAI, fornece serviços de rotulagem de dados para ajudar empresas a treinar modelos de aprendizado de máquina e se deu bem com o boom da IA generativa.
↳ Como a IA é tão boa quanto os dados que a alimentam, a Scale utiliza inúmeros trabalhadores contratados para organizar e etiquetar imagens, textos e outros dados que podem então ser usados para treinamento de IA.
A startup foi avaliada pela última vez em cerca de US$ 14 bilhões (R$ 78,3 bi) em 2024, em uma rodada de financiamento que incluiu apoio da Meta e Microsoft.
O negócio poderia ser ainda mais caro. No início deste ano, a Bloomberg informou que a Scale estava em negociações para uma oferta de aquisição que a avaliaria em US$ 25 bilhões (R$ 139,9 bi).
Quem não tem cão caça com o que tem. A Meta tem Llama, a IA generativa presente no Whatsapp e no Facebook, por exemplo.
A empresa tem apostado grande na tecnologia generativa e aberta: outros programadores podem acessar o modelo e usá-lo para criar suas próprias aplicações.
Mas ainda que coloque a IA como prioridade, o avanço neste setor caminha a passos largos. Por muito pouco, você pode acabar na lanterna da concorrência. Por isso, Zuckerberg compra de fora o que ainda não foi capaz de desenvolver internamente, e tenta garantir o lugar no pódio.
*O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER*
✈️ Jatinhos na malha fina. Uma empresa de aviões de pequeno porte é alvo do Fisco por uma importação suspeita. Entre os clientes dela estão Neymar e Ricardo Marino.
💸 Cuidado com o endividamento. O governo mudou a regra e, agora, o trabalhador CLT pode pegar até nove empréstimos consignados limitados a 35% do salário líquido.
👗 Nunca sai de moda. O ouro continua atraindo investidores. O metal precioso já corresponde a 20% das reservas globais de bancos centrais.
🚰 A eterna Lava-Jato. O ministro do STF Kassio Nunes Marques anulou a condenação do ex-presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, pelo caso da refinaria de Pasadena.