Da Redação

Mesmo condenado a mais de oito anos de prisão por declarações consideradas discriminatórias, o humorista Leo Lins segue em liberdade e com shows agendados em diversas cidades do Brasil. A apresentação que resultou na sentença foi exibida no YouTube em 2022 e gerou grande repercussão. Intitulada “Perturbador”, a performance traz piadas com grupos socialmente vulneráveis, o que levou a Justiça a enquadrá-lo na lei que criminaliza o chamado racismo recreativo.

Apesar da decisão, Lins não começou a cumprir pena. Isso só aconteceria caso o processo fosse concluído em todas as instâncias, o que ainda não ocorreu. Ele ainda pode recorrer ao Tribunal Regional Federal e ao Superior Tribunal de Justiça. Se a pena for reduzida para menos de oito anos, pode até evitar o regime fechado.

O advogado do comediante, Carlos Eduardo Ramos, afirmou que vai buscar a absolvição e disse estar surpreso com a condenação. Segundo ele, a peça de humor não se enquadra na Lei 14.532, de 2023, e defendeu que o personagem interpretado no palco não representa o homem por trás do microfone.

Nas redes sociais, Leo Lins ironizou a sentença. Postou uma foto de um “kit cadeia” — com celular, cigarros e algemas — presenteado por amigos, e comentou: “Isso é rir da minha desgraça. Vou processar! (Aviso: ironia)”.

O show, hoje fora do canal oficial de Lins no YouTube, chegou a acumular mais de 3,3 milhões de visualizações antes de ser retirado do ar em 2023. A gravação ainda circula por meio de outros perfis.

Na apresentação, o humorista faz piadas com deficientes, negros, judeus, pessoas com HIV, nordestinos, homossexuais, obesos e até cristãos. Em um trecho, afirma que teve um livro recusado por várias editoras e completa: “Esse livro ouviu mais ‘não’ que um estuprador”. Em outro momento, sugere que a fome no Nordeste é tão grave que países africanos oferecem ajuda humanitária à região.

As falas, que por muito tempo circularam sob o rótulo de “humor politicamente incorreto”, agora estão sob escrutínio da lei — e dividem opiniões entre liberdade de expressão e responsabilidade social.