A tentativa de Carla Zambelli de escapar da Justiça brasileira pode estar chegando ao fim. Após deixar o Brasil para evitar a prisão determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a deputada licenciada se refugiou na Itália — país que agora deve ser solicitado formalmente para extraditá-la. O pedido, a ser encaminhado pelo Ministério da Justiça, passará por trâmites legais e será analisado pela Justiça italiana em até três instâncias.

A movimentação ocorre num momento simbólico: anos após o Brasil extraditar o italiano Cesare Battisti, condenado por assassinatos em seu país de origem, agora é a Itália que poderá devolver uma cidadã brasileira condenada pela Justiça. Mesmo sob um governo de extrema direita comandado por Giorgia Meloni — considerada uma aliada ideológica do bolsonarismo —, o país europeu não deve oferecer proteção a Zambelli. Segundo fontes nos bastidores diplomáticos, a Itália está inclinada a colaborar com o Brasil, acima de qualquer alinhamento político.

Zambelli entrou no país sem se declarar exilada política e, diante da repercussão negativa, já estaria ciente de que sua permanência está por um fio. Ela teria até cogitado tentar cumprir pena na Itália, apesar de os crimes pelos quais foi condenada terem ocorrido em solo brasileiro. A Justiça italiana, no entanto, tem histórico rigoroso contra foragidos internacionais — especialmente devido à sua própria batalha contra mafiosos que buscam abrigo no exterior —, o que torna improvável que aceite abrigar a deputada.

A trajetória de fuga de Zambelli, possivelmente iniciada pela Argentina, levanta suspeitas de que uma rede tenha facilitado sua saída do país, contornando controles da Polícia Federal. A situação se agravou com a repercussão internacional de imagens em que Zambelli aparece armada, perseguindo um homem negro em São Paulo — episódio que já causava incômodo dentro do Brasil e agora pesa negativamente também no exterior.

Especialistas apontam que sua fuga pode impactar diretamente na possibilidade de progressão de pena. Embora a condenação inicial preveja 10 anos de prisão, a tentativa de escapar da Justiça pode ser considerada um agravante e dificultar qualquer benefício futuro.

Caso a extradição seja autorizada, a medida reforçaria a posição da Itália como um país que coopera com o cumprimento de penas internacionais — e deixaria claro que, mesmo aliados ideológicos, não estão acima da lei.