SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Como um título render mais depois que um imposto passa a ser cobrado sobre ele? Todo mundo quer a Braskem. Toyota e Daimler se unem contra elétricos chineses, carros incendiados que dizem mais do que poderia se pensar e outros destaques do mercado nesta quarta-feira (11).
*CAI ISENÇÃO, SOBE RENTABILIDADE*
O fim da isenção do Imposto de Renda para alguns investimentos, como LCIs, LCAs, CRIs e CRAs, pode elevar o rendimento desses títulos. É isso mesmo que você leu, nem sempre as coisas são como nós achamos que elas são.
Vamos ao que interessa. Estes títulos passarão a competir com outros de renda fixa que também sofrem incidência do IR, como os CDBs (Certificados de Depósito Bancário) e títulos do Tesouro.
Antes, o principal atrativo deles era a ausência dessa forma de tributação. Agora, terão de aumentar o prêmio (jargão do mercado para dizer rendimento).
Nem tudo são flores. Isso dificulta um pouco a sua vida, investidor. Depois das mudanças, é melhor ver na ponta do lápis qual papel vale mais a pena para sua carteira, já que os disponíveis ficam cada vez mais parecidos.
Oferecer LCIs, LCAs, CRIs e CRAs também fica mais caro para as instituições financeiras. O rendimento de ativos atrelados à Selic, por exemplo, estão nas alturas a taxa básica de juros está em 14,75%.
Para atrair investidores, elas terão de pagar um prêmio competitivo, o que lhes é mais oneroso.
“É natural que as novas emissões tragam juros mais altos para compensar a mordida do imposto. Na prática, esses ativos, que hoje se destacam pela vantagem fiscal”, diz Marlon Glaciano, planejador financeiro.
📞 Disk Haddad. A orelha do ministro da Fazenda anda quente. Além das reclamações sobre o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), também vai ouvir o setor bancário reclamando de ter que pagar mais. Uma amostra:
“O problema é outro. Essa atitude do governo mostra que ele só tem um sentido, que é o da taxação. Não se fala em cortes de despesas com a seriedade e emergência”, diz Marcelo Castro, sócio-diretor da Iepê Investimentos.
↳ Vale lembrar que as mudanças não valem para investimentos deste tipo feitos até o fim deste ano.
*🔄 TODO MUNDO QUER A BRASKEM*
A moda é cíclica, dizem os especialistas. O que foi tendência há alguns meses será brega nos próximos e, daqui a alguns anos, voltará a ser fashion. Se há algum tempo a Petrobras estava dando de ombros para a Braskem, agora ela a quer de volta.
Como assim? A presidente da estatal, Magda Chambriard, disse ontem que tem interesse em ampliar sua participação na gestão da petroquímica Braskem, mas que não pensa em reestatizar a companhia.
↳ A Braskem surgiu da fusão de petroquímicas menores, organizada pelo Grupo Odebrecht, que agora usa o nome Novonor (herança da Operação Lava-Jato) edetém 50,1% das ações da petroquímica. A Petrobras possui 47%.
Por quê? O mundo está mudando, e a presidente enxerga um futuro que invista mais na petroquímica do que em combustíveis, área que a estatal é especialista.
Chambriard vê um futuro com mais carros elétricos ou que usem combustíveis verdes, como o hidrogênio. Quando este dia chegar, é importante para a empresa ter outras cartas na manga.
As sócias anunciaram na semana passada um investimento de R$ 4,5 bilhões na ampliação de uma das fábricas da Braskem, em Duque de Caxias (RJ), que vai aproveitar a oferta adicional de gás do pré-sal para ampliar sua produção de polietileno.
A ampliação prevê aumento de 50% na capacidade de produção do polo gás-químico de Duque de Caxias, com a construção de um novo forno para processar o etano, uma molécula retirada do gás natural, ampliação da fábrica de polietileno e suprimento de água e energia, dentre outros.
🐕 Briga de cachorro grande. Tem mais gente que acha a mesma coisa e está na fila para ter um pedacinho da Braskem para si. A Novonor, controladora da companhia, assinou um contrato de negociações com Nelson Tanure, um investidor que gosta de se aventurar.
*🤝 UNIÃO FAZ A FORÇA 🚛*
Se não pode com eles, junte-se a eles. Não é assim que diz o ditado? Neste caso, duas concorrentes se juntam para tentar combater uma potência em ascensão, antes que seja tarde demais para elas.
A Toyota e a Daimler Truck anunciaram a fusão de suas divisões de veículos pesados no Japão, uma negócio estimado em R$ 35,5 bilhões.
↳ A segunda reúne as divisões de automóveis de grande porte de marcas como a Mitsubishi e a Mercedes-Benz.
A união vem para tentar brecar a crescente concorrência de montadoras chinesas, que avançam rapidamente nas tecnologias de eletrificação e direção autônoma.
📝O acordo une a Hino Motors, subsidiária da Toyota, à Mitsubishi Fuso Truck and Bus, da Daimler, criando assim uma potência japonesa de veículos comerciais.
A expectativa é vender mais de 200 mil unidades ao ano e aumentar a escala para investir em caminhões e ônibus movidos a hidrogênio;
Cada uma deterá uma participação igual na holding, de 25%, mas os direitos de voto da Toyota serão menores, de 19,9%;
O valor de mercado da nova companhia será de R$ 32 bilhões, segundo analistas.
Frente única. As montadoras chinesas estão tomando um espaço grande na demanda por veículos elétricos, oferecendo tecnologia e valores menores do que montadoras ocidentais do ramo.
BYD, GAC, GWM e Leapmotor estão entre os nomes para os quais ficar atento nesta onda.
O objetivo da fusão é entrar com o pé direito no mercado de veículos movidos a hidrogênio, que são a tendência maior nos veículos de carga quando falamos de energia verde enquanto a eletrificação tem uma concentração maior nos carros de passageiros.
↳ Eles andam longas distâncias, carregam cargas maiores e demoram menos no abastecimento.
Moldando o mercado. A nova empresa divide o setor de fabricação de veículos comerciais no Japão em dois grandes grupos, sendo o outro dominado pela Isuzu Motors.
*FOGO NO WAYMO 🔥*
Um carro que dirige sozinho, sem um motorista, pode ser a visão do futuro. Ela ganhou forma na Waymo, uma plataforma de transporte que oferece isso nos Estados Unidos.
Acontece que um futuro comandado pelas big techs não é o que todos almejam. Como forma de mostrar a insatisfação com esse cenário, veículos da empresa foram incendiados durante os protestos contra medidas do governo Donald Trump, em Los Angeles.
Quem? A Waymo, marca de carros por aplicativo da Alphabet (dona da Google), propõe a experiência de andar em automóveis sem condutor. É uma oferta que atrai (ou, ao menos, quer atrair) clientes endinheirados.
Os carros têm câmeras e sensores por todos os lados. Além disso, eles usam um mapa digital atualizado regularmente para orientar sobre a situação do trânsito indicar onde há congestionamento, interdições ou acidentes, por exemplo.
↳ Los Angeles foi a primeira capital a receber o serviço, onde foram realizados os primeiros testes com o público.
Agitação. A cidade das estrelas viu suas ruas ocupadas nos últimos dias, por protestos contra a política migratória ostensiva de Donald Trump. Cartazes de dizeres contra o ICE, a polícia de imigração dos EUA, e contra a abdução e deportação violenta de imigrantes.
Nestes protestos, carros da Waymo queimados viraram um dos símbolos da revolta.
Por quê? Dá para pensar em alguns motivos. O mais óbvio é que estes carros são carregados de câmeras, que ajudam-o a conduzir sem colisões. Ao passar entre a multidão, pode ter filmado imagens que os ativistas não gostariam de ver nas mãos de uma empresa privada.
A segunda razão é a manifestação de uma repulsa de uma ala da população pela relação das big techs e Donald Trump. Em busca de benefícios e incentivos prometidos, cada vez mais CEOs estão próximos do presidente.
Sundar Pichai, chefe executivo da Google, compareceu à posse de Trump e visitou a propriedade dele na Flórida, Mar-a-Lago.
↳ A revolta contra a Waymo também tem um viés ambiental: manifestantes destacam o impacto que data centers, necessários para o funcionamento da inteligência artificial podem aumentar o gasto hídrico e a poluição.
Por isso a queima dos carros é um sinal dos conflitos que o avanço tecnológico pode nos apresentar.
*O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER*
💡 Não quer pagar a conta de luz? A isenção (para quem se encaixa nos critérios) começa em julho.
📈 341%…é quanto cresceu o investimento de pessoas físicas em títulos isentos nos últimos sete anos.
🪙 Imposto cripto (?) A aplicação da taxa depende de discussão com o Banco Central (que promete ser longa).
🧀 Tábua de frios. A Aurora fez uma oferta pela produtora de queijos Gran Mestri.