SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A prefeita de Los Angeles, Karen Bass, decretou um toque de recolher no centro da cidade a partir desta terça-feira (10). A política do Partido Democrata disse que a medida deve durar vários dias e que vale para uma região de cerca de 2,5 quilômetros quadrados na qual manifestantes que protestam contra a política anti-imigração do governo Donald Trump vem enfrentando a polícia.
O toque de recolher entrará em vigor às 20h desta terça no horário local -meia-noite no horário de Brasília- e vai até às 6h desta quarta-feira (11).
Nesta terça, 197 pessoas foram presas durante as manifestações. Os atos tiveram início na última sexta (6) e agora se espalham para outras cidades nos EUA, incluindo San Francisco, Chicago e Nova York.
Ao anunciar o toque de recolher, Bass pediu ao presidente Trump a suspensão das batidas do ICE, o serviço de imigração americano, que foram o estopim para a crise atual -em sua campanha para deportar o maior número de imigrantes possível, o republicano e o órgão federal passaram a ter como alvo trabalhadores que se reúnem em lojas de construção e estacionamentos para procurar por trabalho.
Foi uma batida assim que causou revolta dos moradores de Los Angeles, que reagiram e entraram em confronto com os agentes federais e com a polícia.
Mais cedo, o estado da Califórnia acionou a Justiça para bloquear a ação de milhares de militares enviados pelo governo Trump para contenção de protestos em Los Angeles. O pedido será avaliado por um juiz federal na próxima quinta-feira (12).
Cerca de 700 fuzileiros navais foram convocados sob ordens de Trump, que também mobilizou 4.000 soldados da Guarda Nacional para conter os protestos. O custo do envio das tropas é de cerca de US$ 134 milhões, incluindo traslado, hospedagem e alimentação das tropas, de acordo com o Pentágono.
O estado pede que os fuzileiros navais e outras tropas sejam impedidos de acompanhar agentes de imigração em operações ou realizar outras atividades de segurança pública, como a operação de postos de controle. Nos EUA, as Forças Armadas só podem desempenhar funções de segurança pública em casos específicos -geralmente, com consentimento do estado onde atuarão.
Trump disse em discurso a militares nesta terça que o que acontece na Califórnia “é um ataque escancarado contra a paz, a ordem pública e a soberania nacional orquestrado por vândalos que carregam bandeiras estrangeiras”.
O presidente havia afirmado mais cedo nesta terça que poderia invocar a Lei de Insurreição se avaliasse que havia de fato uma insurreição em curso em Los Angeles. “Se houver uma insurreição, eu certamente a invocaria [a lei]. Veremos.”
A legislação, de 1807 e emendada diversas vezes desde então, dá poder para que o presidente envie forças militares para os estados com o objetivo de reprimir desordem pública e apoiar forças de segurança locais a pedido do governo estadual -a lei, no entanto, abre brechas para que o presidente envie as tropas se avaliar que a situação nas ruas esteja obstruindo a aplicação de leis federais.
Os protestos desta terça em Los Angeles reuniram centenas de pessoas ao redor de prédios federais e foram pacíficos, de acordo com a imprensa americana.