RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A violência armada no Rio de Janeiro já provocou a interdição parcial ou total da avenida Brasil, uma das principais vias expressas da cidade, em 11 ocasiões desde o início de 2025. Já a Linha Vermelha, que liga a zona norte ao centro e à zona oeste, foi fechada quatro vezes no mesmo período. Os dados são do COR-Rio (Centro de Operações e Resiliência da Prefeitura do Rio), solicitados pela Folha de S.Paulo.

As interrupções ocorreram em decorrência de ocorrências policiais, como confrontos entre agentes e traficantes, tiroteios diversos, assaltos, homicídios e tentativas. O número de bloqueios na avenida Brasil em 2025 já se aproxima do total registrado ao longo de todo o ano passado, quando foram contabilizadas 12 interdições. No caso da Linha Vermelha, foram três em 2024.

A operação realizada nesta terça-feira (10) pela Polícia Civil no Complexo de Israel, na zona norte da cidade, é o exemplo mais recente do impacto direto da violência armada na mobilidade urbana.

O confronto nesta terça resultou na morte de ao menos três suspeitos, na prisão de 20 pessoas e na apreensão de armamentos e explosivos, além de ter deixado outras quatro pessoas baleadas —entre elas, um motorista e um passageiro de ônibus.

A ação levou ao bloqueio da avenida Brasil nos dois sentidos, das 6h até por volta das 7h40, e também à interdição da Linha Vermelha. O sistema de ônibus articulados do BRT foi interrompido no corredor Transbrasil, e houve impacto na circulação dos trens. A Prefeitura colocou a cidade em estágio 2 de atenção, que indica risco de ocorrências de alto impacto.

De acordo com o COR, o serviço do BRT já teve a operação interrompida sete vezes em 2025, sendo três delas no mesmo dia, totalizando cinco horas de paralisação em diferentes trechos do sistema.

A circulação dos trens que ligam a baixada à capital também tem sido afetada. Segundo a SuperVia, até o momento, foram registradas sete interrupções neste ano por causa de tiroteios, todas no ramal Saracuruna.

Em 2024, o número total de paralisações chegou a 16, sendo 11 no mesmo ramal e cinco em Belford Roxo. No primeiro semestre do ano passado, o balanço apontava 11 ocorrências (sete em Saracuruna e quatro em Belford Roxo).

Entre outros casos, no dia 19 de maio, um policial da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais), tropa de elite da Polícia Civil, foi morto durante uma operação na Cidade de Deus, na zona oeste. Criminosos atearam fogo em barricadas e bloquearam acessos, o que provocou a interdição da Linha Amarela, via expressa que conecta o centro à zona oeste. O tiroteio gerou pânico entre motoristas, que abandonaram seus veículos e se jogaram no chão para se proteger.

Menos de uma semana antes, em 13 de maio, uma operação da Polícia Militar no Complexo da Maré, na zona norte, levou a sete interdições na Linha Amarela e causou bloqueios temporários também na Linha Vermelha e na avenida Brasil. A ação terminou com a morte de Thiago da Silva Folly, o TH, apontado como chefe do TCP e um dos criminosos mais procurados do estado.

Já em 12 de fevereiro, um confronto entre policiais e traficantes na altura da Cidade Alta, também na zona norte, deixou quatro pessoas feridas. Os tiroteios interditaram os dois sentidos da avenida Brasil e da Linha Vermelha. Durante a ação, um helicóptero do Grupamento Aeromóvel da Polícia Militar foi atingido por disparos e precisou fazer um pouso forçado. Nenhum agente se feriu.