BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) – Duas mulheres afirmam ter sido alvo de ofensas homofóbicas no último domingo (8) em um supermercado no bairro Nova Suíça, em Belo Horizonte.

Uma delas chegou a gravar os xingamentos proferidos por um homem que estava atrás delas na fila do caixa. No vídeo, ele fala “sapatão filha da puta, isso que você é”.

O homem foi identificado no boletim de ocorrência como Paulo Henrique Mariano Cordeiro, 35. Procurado pela reportagem, ele não retornou às tentativas de contato.

Em depoimento à Polícia Militar, ele afirmou que houve um desentendimento com as mulheres e, por estar nervoso “com outras situações”, confirmou ter proferido palavras ofensivas contra elas.

De acordo com o relato das vítimas à PM, elas estavam na fila do caixa junto de uma criança que está em processo de adoção e teriam ouvido o casal que estava atrás delas falar em “tom depreciativo”, conforme o depoimento, de que se tratavam de duas mães.

Na sequência, a mulher que estava ao lado do homem teria empurrado o carrinho de supermercado contra uma das mulheres, que respondeu para ela ter calma porque não havia retirado todos os produtos do carrinho.

Foi então que Paulo teria passado a proferir os xingamentos que aparecem no vídeo.

A Polícia Civil disse que a ocorrência foi registrada pela Polícia Militar, mas que os envolvidos não foram conduzidos à delegacia.

“A PC-MG orienta que as vítimas compareçam à delegacia para que as medidas legais cabíveis sejam adotadas”, disse a instituição, em nota.

Em contato com a Folha, uma das vítimas afirmou que fez o boletim de ocorrência no supermercado e que o suspeito deixou o local. Ela também afirmou que a advogada já entrou com uma ação criminal contra o homem.

O mais recente Atlas da Violência, produzido pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, apontou que o total de registros de violência contra pessoas LGBTQIA+ no Brasil cresceu 1.227% de 2014 para 2023.

Eram 1.157 no primeiro ano observado, saltando para 15.360 no último.

Os registros são baseados na ficha de notificação de violência do Sistema de Informação de Agravos de Notificação, do Ministério da Saúde. Estão incluídos casos de violência física, psicológica ou moral, sexual e financeira ou econômica, além de tráfico de seres humanos, negligência ou abandono, trabalho infantil, intervenção legal, tortura e outros.