WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – O governo de Donald Trump vai enviar 700 fuzileiros navais a Los Angeles para ajudar a conter os protestos pró-imigração que ocorrem na cidade desde o final de semana.

“A ativação dos fuzileiros navais tem como objetivo fornecer à Força-Tarefa 51 números adequados de forças para proporcionar cobertura contínua da área em apoio à agência federal líder”, afirmou o Comando do Norte dos EUA num comunicado.

A informação havia sido antecipada pela agência Reuters. No domingo, Trump havia ordenado envio de 2.000 agentes da Guarda Nacional para o local. Esta força militar de reserva é usada em situações como desastres naturais, mas raramente em distúrbios civis.

O envio dos integrantes da Marinha representa uma escalada na atuação do governo federal. Em uma frente, porque se trata de militares da ativa —e não da reserva— como os demais. Em outra, mostra que Trump está disposto a dobrar a aposta mesmo depois de o governo da Califórnia apontar uma interferência federal na soberania do estado.

A Califórnia afirmou que está processando o governo Trump pelo envio das tropas da Guarda Nacional para Los Angeles durante os protestos.

“[Trump] atiçou e agiu ilegalmente para federalizar a Guarda Nacional”, afirmou o governador Gavin Newsom no X. “Estamos processando-o.”

No sábado (7), o responsável pela fronteira do governo, Tom Homan, ameaçou prender qualquer pessoa que obstruísse os esforços de aplicação da lei de migração no estado, incluindo Newsom e a prefeita de Los Angeles, Karen Bass.

Nesta segunda-feira (9), Trump reforçou a decisão de envio da Guarda Nacional e endossou a fala do auxiliar sobre a prisão de Newsom. “Eu faria isso se fosse o Tom. Acho ótimo. Gavin gosta de publicidade, mas acho que seria uma ótima coisa”, disse o presidente americano após ser questionado se apoiaria a prisão do governador.

Ele ainda se referiu aos manifestantes como “insurgentes”. Mais tarde, voltou um pouco atrás na declaração. “Eu não chamaria isso exatamente de insurreição”, disse ele. “Mas poderia ter levado a uma insurreição.”

É a primeira vez desde 1965 que um presidente envia essa força sem o pedido de um governador estadual, afirmou Kenneth Roth, ex-diretor da ONG Human Rights Watch, acusando Trump de “criar um espetáculo para continuar suas batidas migratórias”.

Os protestos tiveram início na sexta-feira (6) depois de agentes do ICE (Serviço de Imigração e Controle de Alfândega, na sigla em inglês) realizarem operações em vários locais da cidade como parte dos esforços do governo para prender migrantes. O governo federal quer alcançar a meta de prender pelo menos 3.000 migrantes por dia após prometer a maior operação de deportação da história durante a sua campanha.

As manifestações continuaram durante o fim de semana, resultando em uma grande resposta policial.

Segundo a polícia de Los Angeles, 56 pessoas foram detidas em dois dias, e três agentes ficaram levemente feridos.

A polícia de Los Angeles ordenou no domingo a proibição de reuniões no centro da cidade. Uma área do distrito comercial, conhecida como Civic Center, também foi declarada zona de não reunião. Em imagens aéreas divulgadas pela televisão, era possível ver diversos veículos policiais patrulhando ruas desertas do centro e forças de segurança posicionadas nos cruzamentos.

Nesta segunda, ONU pediu que a situação fosse acalmada. “Não queremos ver uma maior militarização da situação e apelamos a todas as partes, nos níveis local, estadual e federal, para que trabalhem nesse sentido”, disse Farhan Haq, porta-voz-adjunto do secretário-geral das Nações Unidas.