SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Delator e ponto focal das investigações, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), será o primeiro réu a ser ouvido na Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) a partir desta segunda-feira (9) no processo da trama golpista de 2022.
Ele abre a sessão por ser colaborador. Os demais serão ouvidos em ordem alfabética. O depoimento do ex-ajudante de ordens é considerado um dos mais importantes e deve ser o mais demorado. Entenda abaixo quem é Mauro Cid, o que pesa contra ele e como se posicionou a defesa do militar.
PERFIL
Cid, 46, é um tenente-coronel do Exército brasileiro. Ele foi aliado próximo e ajudante de ordens de Bolsonaro durante a presidência. Alvo de investigações da Polícia Federal, foi preso em 2023 sob acusação de participar de um esquema de falsificação do cartão de vacina do ex-presidente e de familiares, sendo solto após firmar acordo de delação premiada.
A colaboração ajudou a fundamentar relatório da PF e denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) sobre a trama golpista de 2022 para impedir a posse de Lula (PT), mapeando a participação de Bolsonaro e outros atores, além de fornecer detalhes sobre questões como a minuta golpista e o plano Punhal Verde Amarelo, que previa o assassinato de Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro do STF Alexandre de Moraes.
DELAÇÃO
O depoimento de Cid é um dos mais aguardados porque a delação dele foi um dos principais argumentos usados pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, na confirmação de que houve uma trama golpista.
A maior parte das defesas espera aproveitar possíveis contradições na fala do delator para apontar fragilidades na denúncia.
ACUSAÇÃO
Cid responde, assim como outros réus do primeiro núcleo da trama golpista, pelos crimes de organização criminosa armada, abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado por violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.
A PGR o descreve como um porta-voz de Bolsonaro que atuou na transmissão de orientações a membros do grupo que buscava a ruptura institucional.
DEFESA
Até este momento, os advogados de Cid argumentam não haver base para ação penal, afirmando que ele atuou apenas como assessor do ex-presidente Bolsonaro, repassando informações sem intenção de promover um golpe de Estado.
A defesa diz ainda que Cid se limitou a comunicar informações recebidas devido à sua posição, sem criar conteúdo ou disseminar informações falsas. Eles sustentam que ele cumpriu seu dever legal e que não teve qualquer participação nos ataques de 8 de Janeiro nem ciência prévia de que eles ocorreriam.