MÔNACO, FRANÇA (FOLHAPRESS) – “Pensa que é só o Galvão Bueno que vai pra Mônaco?”, brincou Lula em entrevista à imprensa em Paris, no sábado (7). A referência ao principado onde o narrador esportivo já teve apartamento, é porque nele o presidente iniciou, neste domingo (8), a parte ambiental de sua extensa agenda na Europa.
Lula foi recebido às 11h40 locais (6h40 em Brasília) pelo soberano de Mônaco, o príncipe Albert 2º, no encerramento do Fórum de Economia e Finanças Azuis, evento de dois dias que reuniu empresas, governos, instituições multilaterais e outras entidades com interesses na chamada “economia azul”, relacionada à exploração dos mares.
O objetivo anunciado do encontro é buscar financiamento para tornar mais sustentáveis atividades como a pesca e o transporte marítimo.
“O oceano não recebe o devido reconhecimento pelo que nos proporciona. O ODS [objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU] é um dos objetivos com menor financiamento da Agenda 2030”, disse Lula em um discurso lido no evento.
“Na presidência brasileira do G20, fizemos do oceano nossa prioridade”, afirmou o presidente brasileiro.
“Não falta dinheiro. O que falta é disposição e compromisso político para financiar [uma exploração sustentável dos recursos marinhos].”
Calcula-se que sejam necessários US$ 175 bilhões (cerca de R$ 1 trilhão) por ano em financiamento para que seja cumprido o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 14 fixado pela ONU até 2030 conservar e usar de maneira sustentável oceanos, mares e recursos marinhos. Hoje, apenas US$ 25 bilhões são investidos.
Do encerramento, além de Lula e Albert 2º, participaram os presidentes da França, Emmanuel Macron, e da Costa Rica, Rodrigo Chaves Robles. O príncipe William, herdeiro do trono britânico, também esteve presente e cumprimentou o brasileiro.
O fórum é um evento preparatório da 3ª Conferência das Nações Unidas sobre o Oceano (UNOC3), da qual Lula participará nesta segunda (9) em Nice, no litoral francês, a apenas 25 quilômetros de Mônaco.
A presença de Lula na UNOC3 será retribuída pelo presidente da França, Emmanuel Macron, que em novembro irá a Belém para a COP30, cúpula sobre mudanças climáticas.
Ainda neste sábado, Lula retorna para Nice, onde está hospedado no Negresco, um hotel histórico da Promenade des Anglais, a avenida litorânea de Nice. No hotel, tinha previstos três encontros bilaterais.
O primeiro é um almoço com o português António Costa, presidente do Conselho Europeu. É provável que no encontro seja discutido o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, motivo de discórdia entre Brasil e França – Lula apoia a entrada em vigor do acordo, mas Emmanuel Macron, pressionado pelos agricultores franceses, é contra.
Em visita ao Brasil, em maio, António Costa disse esperar que o acordo seja assinado até dezembro. Essa também é a expectativa anunciada por Lula, que, como presidente do Brasil, assume no mês que vem a presidência rotativa do Mercosul, por um período de seis meses.
Os outros encontros na agenda do presidente são com Audrey Azoulay, diretora-geral da Unesco, a agência das Nações Unidas para educação, ciência e cultura; e Patrice Talon, presidente do Benin.