BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – O ataque contra o pré-candidato Miguel Uribe Turbay neste sábado (7) chocou a Colômbia e fez o país recordar outros atentados contra políticos nas décadas de 1980 e 1990.
Uribe é membro do Centro Democrático, partido liderado pelo ex-presidente Álvaro Uribe. Ele é filho da jornalista Diana Turbay, sequestrada e morta, e neto do ex-presidente Julio César Turbay Ayala.
As imagens do político alvejado correram o mundo neste fim de semana. Os atos de violência contra políticos no país, contudo, não são novidade.
Jaime Pardo Leal foi um candidato presidencial da UP (União Patriótica) que foi assassinado em 11 de outubro de 1987. Ele denunciou a aliança entre os grupos paramilitares e o tráfico de drogas em meados da década de 1980 e, nas eleições presidenciais de 1986, recebeu um número recorde de votos para a esquerda na época.
Após passar um domingo em uma fazenda da família, o político foi surpreendido por um veículo na estrada, do qual foram disparados tiros contra o político. O ataque a Pardo Leal ocorreu em uma localidade do município de La Mesa (departamento de Cundinamarca).
As eleições presidenciais de 1990 foram especialmente marcadas por tragédias, quando, em menos de um ano, três candidatos foram assassinados: Luis Carlos Galán, Bernardo Jaramillo Ossa e Carlos Pizarro.
O ataque a Uribe neste fim de semana ocorreu enquanto ele participava de um evento de campanha, semelhante ao atentado contra Luis Carlos Galán em 1989, que também foi filmado.
Um ataque frustrado anterior contra Galán em 1989 já sinalizava as dificuldades para sua candidatura à Presidência. Durante a campanha, ele se referiu ao oponente Alberto Santofimio, sugerindo que, se fosse assassinado, o culpado estaria na oposição.
Galán havia feito denúncias contra o narcotráfico e, apesar das ameaças que sofreu, continuou fazendo comícios e indo a eventos públicos. Em 18 de agosto de 1989, foi assassinado durante um desses eventos, junto com seu guarda-costas.
Em 22 de março de 1990, Bernardo Jaramillo Ossa, candidato presidencial da União Patriótica, foi assassinado em Bogotá por um jovem de 16 anos, apesar de contar com uma dezena de guarda-costas.
A UP tinha surgido no país como uma alternativa política após as negociações de paz entre o governo de Belisario Betancur e os guerrilheiros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
Segundo o CNMH (Centro Nacional de Memória Histórica), do governo da Colômbia, a ascensão política da UP foi retaliada com uma campanha de extermínio, primeiro com Pardo Leal e depois com Jaramillo Ossa. Em 2014, o assassinato de Ossa foi declarado um crime contra a humanidade.
Já Carlos Pizarro havia deixado a luta armada em 8 de março de 1990, ao liderar a transição do grupo guerrilheiro Movimento 19 de Abril (M-19) para um movimento político: a Aliança Democrática M-19.
O CNMH também lembra que, depois de uma votação expressiva nas eleições para prefeito de Bogotá, a ambição presidencial de Pizarro teve grande respaldo popular. No entanto, sua trajetória foi interrompida quando ele foi baleado a bordo de um voo entre a capital colombiana e Barranquilla.
As autoridades concluíram que o crime foi planejado, com o homem apontado como seu assinado tendo comprado diversas passagens aéreas que coincidiam com a agenda do candidato. O crime foi considerado contra a humanidade em 2010.