SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O bilionário Elon Musk apagou neste sábado (7) um post na sua rede X que dizia que o nome do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, constava nos registros do caso Jeffrey Epstein.

O investidor americano foi acusado de crimes sexuais e se suicidou na prisão em 2019. O recuo ocorre dois dias após uma ruptura pública, marcada pela baixaria nas redes sociais, entre Musk e Trump.

Na quinta-feira (5), em uma reunião com o primeiro-ministro alemão, Friedrich Merz, o republicano disse estar decepcionado com Musk. O bilionário revidou. Em uma série de posts no X, disse, entre outras coisas, que as tarifas de Trump causariam uma recessão e citou o caso Epstein.

A Casa Branca chamou os ataques de lamentáveis –mais tarde, Trump, usando sua própria plataforma de mídia social, o Truth Social, ameaçou cortar bilhões de dólares em contratos federais com as empresas de Musk.

Em entrevista à rede de televisão NBC News neste sábado (7), o republicano disse que o bilionário “sofrerá as consequências” caso decida financiar democratas contra republicanos favoráveis ao megaprojeto de lei orçamentária de Trump. Segundo reportagem do jornal The New York Times que conta os bastidores da crise entre os aliados, o tema foi a gota d’água para a escaramuça.

O nomeado por Trump para chefiar a Nasa, a agência espacial americana, era um indicado de Musk. O presidente, contudo, foi informado de que Jared Isaacman havia feito doações a políticos do Partido Democrata, hoje na oposição ao governo, em campanhas eleitorais anteriores. O questionamento ao bilionário sobre o caso e a posterior retirada da nomeação de Isaacman foram o último prego no caixão que sepultou a aliança entre Trump e Musk.

Além disso, Musk é contra a proposta de lei orçamentária apresentado pelo governo e chegou a chamá-la de “uma abominação nojenta”, intensificando o desgaste.

Questionado pela NBC sobre quais seriam as consequências mencionadas para Musk, Trump não deu detalhes. Quanto a achar que seu relacionamento com o fundador da Tesla havia terminado, respondeu: “Presumo que sim”.

A oposição do empresário ao texto legislativo tem dificultado sua tramitação no Congresso, onde os republicanos detém uma maioria apertada. O projeto, que já foi aprovado com margem estreita na Câmara no mês passado, agora passará pelo Senado. Segundo análises independentes, a proposta pode aumentar a dívida pública dos EUA em cerca de US$ 2,4 trilhões ao longo de dez anos.

Apesar da controvérsia, Trump afirmou estar confiante na aprovação da medida até o feriado da independência dos EUA, em 4 de julho. “Na verdade, pessoas que antes estavam hesitantes agora estão entusiasmadas em votar a favor, e esperamos que seja aprovada”, declarou à NBC.

Na noite de sexta-feira (6), Trump sugeriu que contratos federais firmados com empresas de Musk, como a Tesla e a SpaceX, poderiam ser revistos.

Musk foi um dos principais financiadores da corrida de Trump à Casa Branca. Após o republicano ser eleito, o empresário foi nomeado para liderar o Departamento de Eficiência Governamental (Doge), que implementou cortes drásticos em gastos e promoveu demissões de servidores públicos federais. A empreitada não vingou –o Doge não conseguiu atingir as metas prometidas por Musk.