SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os hangares do aeroporto Catarina, em São Roque (SP), estavam rodeados de jatos executivos de diversos tamanhos nesta semana para o Catarina Aviation Show, evento exclusivo para convidados que reúne aeronaves das principais fabricantes de jatinhos.

Os visitantes chegavam em carros de luxo e em helicópteros, numa área reservada do aeroporto. A Revo, empresa de compartilhamento de aeronaves, cobrou R$ 3.900 por assento para levar passageiros da avenida Faria Lima, centro financeiro da capital paulista, ao terminal no interior de São Paulo. Segundo o CEO da empresa, João Welsh, o serviço era gratuito para clientes que fazem parte do programa de fidelidade da companhia.

Nenhum ingresso foi vendido para o evento, que está em sua quarta edição -todos ali presentes eram convidados pela JHSF, dona do aeroporto, ou por expositores de aeronaves. Segundo Vinnicius Vieira, diretor da feira, foram distribuídos de 5.000 a 6.000 convites para potenciais compradores, escolhidos pelas fabricantes, e para clientes da JHSF, como moradores de condomínios da marca.

Ao todo, são 70 marcas expositoras, como Embraer, Airbus, Bombardier e Gulfstream.

Em certo momento, as aeronaves estacionadas no pátio do aeroporto perderam o protagonismo para Ronaldo Fenômeno. Rodeado de fotógrafos, o ex-jogador de futebol foi visto passeando entre os jatos executivos e acenando para fãs entusiasmados. Mais tarde, no estande da JHSF, parou para tirar selfies com convidados do evento.

O destaque da feira era o estreante TwoTwenty, da ACJ, divisão da Airbus para jatos de luxo. A fabricante não quis divulgar o preço da aeronave. Segundo a organização do evento, o jato custa de US$ 80 milhões a US$ 100 milhões (entre R$ 444 milhões e R$ 556 milhões, na cotação atual), a depender da customização escolhida pelo cliente.

O avião possui mais de 72 metros quadrados de área útil, que podem ser divididos em seis ambientes. A aeronave oferece mais de 12 horas de autonomia sem paradas. O alcance, de 10.465 km, é suficiente para viajar de Dubai a Tóquio sem necessidade de escalas.

Já a canadense Bombardier levou dois de seus jatos para a feira. O Global 7500, avaliado em US$ 80 milhões (cerca de R$ 446 milhões), tem autonomia para viajar 14.260 km sem precisar fazer escalas. A distância é suficiente para levar um passageiro de São Paulo a Londres, por exemplo.

O outro jato da fabricante exposto na feira era o Challenger 3500, de US$ 29 milhões (aproximadamente R$ 161 milhões), um avião menor com alcance mais limitado. Por exemplo, partindo de São Paulo, o passageiro poderia chegar a outras cidades da América Latina, como Cidade do Panamá e San Juan (Porto Rico).

Atualmente, a Bombardier se prepara para lançar o Global 8000, que está em fase final de desenvolvimento e fez seu voo inaugural em 16 de maio. O avião terá autonomia para fazer voos de até 8.000 milhas náuticas (14.816 km).

Michael Anckner, vice-presidente de vendas da Bombardier, diz que o Brasil é um dos mercados mais importantes para a empresa. “É o [país] que leva a toda a América Latina. Há muitas pessoas de alta renda aqui. É por isso que viemos à feira, é por isso que trazemos esses aviões aqui”, disse à reportagem.

A francesa Dassault trouxe ao evento seu jato Falcon 8x. Com capacidade para até 16 passageiros, o avião tem alcance de 11.945 km, o que dá à aeronave capacidade de fazer voos diretos entre América do Sul e Europa (a rota de São Paulo a Londres, por exemplo).

A fabricante também expôs o Falcon 2000LXS, com capacidade para até 10 pessoas e alcance de 7.400 km (suficiente para fazer uma viagem entre São Paulo e Miami).

Essa é a primeira vez que a Dassault expõe aeronaves no Catarina. A fabricante francesa inaugurou no ano passado um centro de manutenção no aeroporto paulista.

“A gente já vinha namorando o Catarina há alguns anos. No ano passado, nós inauguramos o centro de manutenção aqui do lado, então passou a ser um bom motivo para estar na feira. Também houve a mudança da Labace [outra feira de jatinhos] de Congonhas para Campo de Marte, o que acabou complicando um pouco a nossa operação. Foi uma junção de coisas”, disse à reportagem Rodrigo Pesoa, vice-presidente da Dassault para América Latina.

Esta também foi a estreia da Tam na feira. A companhia de venda e fretamento de aeronaves expôs o jato Citation Longitude, da Cessna, com espaço para até 12 passageiros e alcance de mais de 6.400 km, e o Citation CJ3 GEN3, da mesma fabricante, com espaço para até nove passageiros (na configuração com um único piloto) e alcance de até 3.778 km.

A companhia também mostrou aos convidados o helicóptero Bell 429, que tem espaço para até sete pessoas e alcance de 761 km.

Leonardo Fiuza, presidente da Tam, diz que a empresa não tem ainda uma expectativa exata de vendas para a feira. “A gente precisa viver esse momento para ver qual vai ser o resultado de encomendas. Seria muito prematuro eu te dizer o tamanho disso, porque é a primeira vez que a gente está participando.”