SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A defesa de Paulo Cupertino Matias, 54, condenado a 98 anos de prisão pelo assassinato do ator Rafael Miguel e dois pais dele apresentou um recurso ao Tribunal de Justiça. A sentença foi lida pelo juiz no dia 30 de maio.

“Essa petição não possui os motivos/fundamentos do recurso, apenas sinaliza o interesse em recorrer”, disse a advogada Camila Motta, uma das três defensoras de Cupertino. O recurso foi protocolado na quinta-feira (5).

A Justiça decidiu que Cupertino deve cumprir a pena em regime fechado. O júri no Fórum Criminal da Barra Funda, na zona oeste, durou dois dias.

O crime aconteceu em junho de 2019, no bairro de Pedreira, na zona sul de São Paulo. Rafael, que atuou na novela “Chiquititas” e em comerciais, namorava a filha de Cupertino à época. Ele tinha 22 anos. Ao ser morto ele estava na companhia do pai, João Alcisio Miguel, 52, e da mãe, Miriam Selma Miguel, 50.

Segundo os depoimentos, os três foram até a casa de Isabela, no dia 9 de junho daquele ano, para conversar com o pai dela sobre o namoro. As vítimas foram recebidas pela mãe e pela jovem.

Logo depois, Cupertino teria chegado com uma arma e, em seguida, atirado contra as três vítimas, que aguardavam no portão da casa. Todos morreram no local.

Cupertino está preso desde maio de 2022, quando foi encontrado por policiais escondido em um hotel em Interlagos, na mesma região do crime, ao ser detido por policiais civis do 98º DP (Jardim Miriam).

Acusados de ajudarem na fuga do amigo, Wanderley Senhora e Eduardo José Machado foram absolvidos. Em depoimento, eles negaram as acusações. A Promotoria não se opôs à absolvição dos dois.

O júri foi formado por quatro homens e três mulheres. O réu não presenciou a leitura da sentença, e uma das advogadas dele, Camila Motta, afirmou que a defesa seguirá se manifestando apenas nos autos do processo.

Familiares de Rafael Miguel choraram, se abraçaram e agradeceram aos promotores.

Fernando Viggiano, advogado da família Rafael Miguel, comemorou a condenação de Cupertino. “O júri deu um recado para a sociedade, o que ocasiona a conduta de um criminoso que chegou a figurar na lista dos mais procurados da América Latina. Foi uma pena justa, 98 anos por assassinato triplo. Então, é uma pena justa.”

Já o promotor Thiago Alcocer Marin disse estar feliz por ter tirado um peso das costas.

“Que essa sentença de hoje seja o espelho para todas as outras sentenças. Foi uma sentença extremamente justa, uma sentença impecável. Que seja um norte para a gente acabar com essa cultura da pena mínima no Brasil.”