SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A noite de quinta-feira (5), na Livraria da Travessa, no shopping Iguatemi, na zona oeste de SP, seria para um bate papo e autógrafos que marcassem o lançamento da 33ª obra da antropóloga Mirian Goldenberg, “Memórias de uma Antropóloga Malcomportada”, publicado pela Record, e os 15 anos de colunismo da escritora na Folha.
Acabou se tornando exatamente aquilo que a autora sempre propaga em seus textos: uma festa para pessoas de várias idades e jeitos, com destaque para o médico Nobolo Mori, 101, amigo da intelectual, que foi homenageado por ela.
O evento, que lotou a livraria, contou com um momento de leituras de trechos do livro por amigas e admiradoras da escritora: as atrizes Angela Dippe e Claudia Liz, a juíza Claudia Arruga e a apresentadora Silvia Poppovic.
Na obra, Mirian expõe sua trajetória de vida de menina que passou por uma amarga e violenta infância até o sucesso profissional como professora titular da UFRJ.
“Escrever foi muito sofrimento, muitas noites sem dormir e muita emoção. Esse livro me resgatou de dez anos que eu só convivia com meus amigos nonagenários. Eu só tinha tempo e energia para estar com eles. Como eles partiram, entrei em uma depressão profunda e só conseguia escrever. Escrevi esse livro para eles e eles que estão me tirando da toca”, diz.
Angela Dippe só conhecia Mirian por meios digitais. Fizeram postagens juntas em redes sociais, trocam ideias sobre envelhecimento, relacionamentos e afetos e hoje se consideram quase “irmãs”. “Ela [Mirian] é uma intelectual acessível. Não é de outro mundo. Fala com a gente de igual para igual, damos risadas, nos divertimos. Não é à toa que ela junta tanta gente”, afirma a atriz.
A professora, que já trabalhou com profissionais como os antropólogos Roberto da Matta e Darcy Ribeiro, diz que tudo é amor. “Estou com um nível de amorosidade que eu nunca senti na minha vida. Todo o amor que eu sentia pelo Guedes [José Guedes, melhor amigo, morto aos 98 anos] estou distribuindo para as pessoas.”
Emocionado, o médico Nobolo Mori, que saiu de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, ao lado filho, o também médico Sidnei Mori, diz que quer viver pelo menos até 120 anos, não toma medicamentos e anda oito quilômetros por dia durante sua prática de golfe. “Esse livro e muito bom. Fiquei muito feliz de ganhar um com autógrafo da minha amiga Mirian”.
Quase no final do evento, a antropóloga exibiu um crachá que havia ganhado nesta semana com a inscrição do clube das “velhas sem vergonha”. “É um orgulho para mim ser uma velha sem vergonha, uma antropóloga malcomportada. É minha identidade.”
MEMÓRIAS DE UMA ANTROPÓLOGA MALCOMPORTADA
Preço R$ 54,90
Autoria Mirian Goldenberg
Editora Record Págs. 224