SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O empresário Adalberto Amarílio dos Santos Junior, 35, encontrado morto dentro de um buraco da fundação de uma obra no autódromo de Interlagos, em São Paulo, pode ter sofrido compressão torácica e asfixia, segundo a Polícia Científica.
“O corpo da vítima apresentava escoriações superficiais e, ao que parece, a morte ocorreu por conta de uma compressão torácica que promoveu uma asfixia. São vários exames que foram feitos que serão desenvolvidos pelo IML (Instituto Médico Legal)”, disse Ricardo Lopes Ortega, diretor do Instituto de Criminalística da Polícia Técnico-Científica de São Paulo.
Segundo Ortega, a fundação tem três metros de profundidade e 70 centímetros de diâmetro.
“E ali foram empregadas todas as tecnologias que a gente tem. Foi usado drone, scanner 3D, que é um processo que a gente imortaliza tridimensionalmente aquela cena do crime. Se precisar consultar daqui algum tempo, você tem a situação imortalizada exatamente daquela maneira”, disse, em entrevista à TV Globo.
Ele ressaltou que apenas o exame toxicológico do IML vai determinar se o empresário estava embriagado, sedado ou sob efeito de drogas.
Giovanni Chiarelo, diretor-técnico divisionário do Centro de Perícias do IML, também em entrevista à TV Globo, contou que foram feitos exames de raio-x no corpo do empresário para verificar se existe alguma fratura.
“A partir disso, a gente iniciou o exame necroscópico propriamente dito, mas até o momento nós não encontramos nada que pudesse dar a causa da morte do senhor Adalberto. Não havia nenhum sinal de violência”, afirmou.
“Inclusive a gente coletou algumas amostras de determinadas partes do corpo dele e estamos aguardando o resultado para verificar a vitalidade das lesões, ou seja, se elas foram feitas em vida ou após a morte. Nós coletamos diversos exames do corpo, coletamos exames subungueais [de debaixo da unha] para verificar se existe algum indício de luta”, explicou.
Na tarde de quarta-feira (4), a polícia encontrou uma calça jeans em uma lixeira nas imediações do autódromo. A SSP (Secretaria da Segurança Pública) afirmou que a peça de roupa não foi reconhecida por familiares.
“As investigações seguem em andamento pela Divisão de Homicídios do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa). As equipes da unidade permanecem empenhadas na coleta de depoimentos de familiares e testemunhas e aguarda a finalização de todos os laudos solicitados para auxiliar no completo esclarecimento da dinâmica dos fatos e na conclusão das causas da morte”, afirmou a pasta.
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EMPRESÁRIO TERIA BEBIDO E USADO MACONHA
Em depoimento à polícia, um amigo do empresário disse que os dois tomaram cerca de oito copos de cerveja e fumaram maconha durante um festival de motocicletas realizado na sexta-feira (30), no autódromo de Interlagos.
Segundo o amigo, Junior, como era conhecido o empresário, estava agitado após beber e usar o entorpecente. Ele despediu-se por volta das 21h15, dizendo que iria para casa porque precisava jantar com a mulher, a farmacêutica Fernanda Dândalo, 34.
No dia do desaparecimento, os dois se encontraram no autódromo e providenciaram os cadastros para realizarem test-drive de motos das marcas BMW e Triumph. Após cerca de uma hora, cada um pode pilotar duas motos da primeira marca e, em seguida, foram para o estande da segunda, onde também fizeram testes na pista.
As pilotagens começaram por volta das 14h30 e terminaram às 17h. Depois disso, eles tomaram café em um quiosque entre os estandes, andaram pelo evento e, em seguida, por sugestão do empresário, pararam para tomar cerveja, ainda dentro do autódromo. Pegaram os copos e continuaram andando entre os estandes.
Por volta das 17h15, os dois foram a uma prova de motocross que acontecia dentro do evento e, às 19h45, assistiram ao show do cantor Matuê e fumaram maconha droga que teria sido comprada por Junior no local, de acordo com o depoimento.
O show, segundo o amigo, terminou por volta das 21h e, 15 minutos depois, o empresário se despediu do amigo.
Segundo ele, Junior ficou bem mais agitado do que o normal após beber os oito copos de cerveja e fumar maconha. A testemunha declarou não ter visto nada estranho no tempo em que ficaram juntos, como brigas ou desentendimentos.
Ainda segundo o depoimento, a moto da testemunha, uma Triumph Scrambler 1200, foi roubada no domingo (1º), por quatro homens armados, fato registrado em um boletim de ocorrência na Delegacia Eletrônica.
Fernanda, a mulher do empresário, disse em entrevista à TV Globo que está vivendo um pesadelo.
“Isso é um pesadelo que eu não desejo para ninguém. Nem para a pessoa com a maior maldade no coração”, afirmou.