RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Estados da região Norte apresentaram os maiores percentuais de evangélicos no Brasil em 2022, enquanto membros do Nordeste registraram as proporções mais elevadas de católicos.
É o que apontam novos dados do Censo Demográfico divulgados nesta sexta-feira (6) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Conforme a pesquisa, o Norte teve os quatro estados com os maiores percentuais de evangélicos no país, considerando a população de dez anos ou mais em 2022.
Foram os casos de Acre (44,4%), Rondônia (41,1%), Amazonas (39,4%) e Amapá (36,4%).
Os dados sinalizam que, no Acre e em Rondônia, a proporção de evangélicos já superou a de católicos. Isso mostra uma mudança de cenário na comparação com o Censo anterior, de 2010. À época, os católicos lideravam nos dois estados.
Eles ainda predominam nas demais 25 unidades da federação. Em 2022, os seis maiores percentuais de católicos do país foram registrados no Nordeste: Piauí (77,4%), Ceará (70,4%), Paraíba (69%), Sergipe (67,8%), Rio Grande do Norte (67%) e Maranhão (64,4%). As proporções, contudo, diminuíram em todos esses locais frente a 2010.
Em todo o país, 56,7% da população se declarou católica em 2022, e 26,9%, evangélica.
Quando o recorte foca as grandes regiões, as maiores parcelas de evangélicos foram registradas no Norte (36,8%) e no Centro-Oeste (31,4%).
O catolicismo, contudo, ainda é maioria em todas as regiões, tendo sua maior concentração no Nordeste (63,9%), seguido pelo Sul (62,4%). O Sudeste mostrou uma proporção de 52,2% de católicos e de 28% de evangélicos.
Em parte, as diferenças das regiões podem estar associadas ao perfil etário de cada local, indicou Bruno Perez, analista da pesquisa do IBGE.
O Norte tem uma população mais jovem do que o Nordeste, e é nessa parcela da população em que os percentuais de evangélicos são maiores. O catolicismo, por sua vez, encontra patamares mais altos entre os mais velhos.
“Isso talvez explique um pouco”, disse Perez.
Os dados divulgados pelo IBGE nesta sexta não trazem a desagregação da população evangélica, que abrange diferentes igrejas.
Essa lista vai desde os evangélicos de missão, como os luteranos, até as crenças de origem pentecostal, como Assembleia de Deus e Universal do Reino de Deus.
O IBGE reconheceu que enfrenta dificuldade para desmembrar as informações e ainda não definiu se divulgará o detalhamento. A expectativa é de que a decisão seja tomada no segundo semestre.
O Censo anterior, de 2010, trouxe dados segmentados sobre os evangélicos.
“O que a gente percebeu é que nesse Censo [2022] as declarações não foram tão completas como vinham sendo nos Censos anteriores”, afirmou Luiz Felipe Barros, analista da pesquisa do IBGE.
“Isso gera um pouco mais de dificuldades na desagregação desses dados. A gente está trabalhando e avaliando as possibilidades de desagregação”, completou.
RJ TEM MAIOR PERCENTUAL DE ESPÍRITAS; RS LIDERA EM UMBANDA E CANDOMBLÉ
Outro grupo religioso investigado no Censo é o espírita. Assim como em 2010, o Rio de Janeiro registrou o maior percentual de adeptos em 2022 (3,5% da população do estado). Distrito Federal (3,3%) e São Paulo (2,9%) vieram na sequência. No total do país, a taxa foi de 1,8%.
Quando a análise abrange umbanda e candomblé, a proporção mais elevada de praticantes foi verificada no Rio Grande do Sul (3,2%).
Isso já havia ocorrido no Censo 2010, embora o resultado possa causar surpresa, já que a população gaúcha tem o maior percentual de brancos do Brasil e aparece entre os menores de pretos e pardos.
O Rio Grande do Sul é conhecido pela forte concentração de terreiros de religiões de matriz africana.
“Não é possível identificar as raízes desse fenômeno a partir dos dados do Censo Demográfico. O que podemos dizer é que o Rio Grande do Sul sempre apresentou, em comparação com o restante do país, um percentual elevado de pessoas praticantes de umbanda e candomblé, desde 1980, quando o Censo divulgou pela primeira vez dados sobre os praticantes dessas religiões”, disse o IBGE.
Rio de Janeiro (2,6%), São Paulo (1,5%) e Bahia (1%) apareceram na sequência do ranking de umbanda e candomblé. Em todo o Brasil, uma parcela de 1% se identificou com esse grupo.
Roraima, por sua vez, apresentou a maior proporção de adeptos de tradições indígenas (1,7%), outras religiosidades (7,8%) e de pessoas sem religião (16,9%). Esse último grupo abrange, por exemplo, ateus e agnósticos.