Em meio às investigações que envolvem o deputado Eduardo Bolsonaro, o ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira (5/6) que transferiu R$ 2 milhões ao filho para ajudá-lo com os custos de vida nos Estados Unidos. A declaração foi dada após ele prestar depoimento à Polícia Federal em Brasília, no inquérito que apura a suposta tentativa de Eduardo de influenciar o governo americano contra autoridades brasileiras, incluindo o ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Segundo Bolsonaro, o valor foi solicitado por Eduardo e saiu de uma arrecadação feita via Pix em 2023, que somou mais de R$ 17 milhões à sua conta pessoal.
“Ele está lá com meus netos pequenos. A vida nos EUA é cara, e não quero que ele passe dificuldades”, justificou, ao explicar que o montante equivale a cerca de 350 mil dólares.
A investigação contra Eduardo, aberta a pedido da Procuradoria-Geral da República, envolve suspeitas de coação, obstrução de investigações sobre organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado de Direito. Moraes, que já conduz outros inquéritos relacionados a ações golpistas, autorizou a oitiva de Bolsonaro no caso, com o objetivo de entender se ele teria se beneficiado das iniciativas do filho.
Ainda na porta da Polícia Federal, o ex-presidente refutou as acusações de que Eduardo teria feito lobby junto a autoridades americanas para pressionar o Brasil.
“Ele atua em defesa da democracia brasileira. Sanções não vêm por influência pessoal, mas por fatos. Querer culpar meu filho é forçar demais”, disse.
Bolsonaro também se colocou novamente como alvo de perseguição:
“Tudo isso faz parte de um movimento para me atingir. Estão atrás de mim o tempo todo”, declarou. Ele ainda defendeu a conduta de Eduardo, alegando que, se houvesse algo ilegal, membros do Congresso dos EUA com quem o filho mantém contato também estariam implicados.
Sobre o depoimento que prestará diretamente ao ministro Moraes na próxima semana, o ex-presidente reagiu com provocação e otimismo:
“Vai ser ótimo. Vamos conversar cara a cara sobre o que foi esse ‘golpe de Estado’. Estou tranquilo.”
Questionado sobre seu envolvimento com a deputada Carla Zambelli — incluída na lista da Interpol após fugir do país —, Bolsonaro negou qualquer relação:
“Não enviei Pix para ela, nem tenho vínculo com esse caso. Vi pela imprensa que meu nome apareceu no inquérito, mas isso não tem fundamento.”
A postura de Bolsonaro, entre declarações desafiadoras e tentativa de blindagem do filho, indica que os desdobramentos políticos e judiciais dessa nova fase de investigações ainda devem render capítulos intensos — tanto no Brasil quanto fora dele.