SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A agência de classificação de risco S&P Global Ratings reafirmou nesta quinta-feira (5) a nota BB e a perspectiva estável para o crédito soberano do Brasil.

Em comunicado, a S&P afirma que espera um aumento persistente na dívida líquida do governo por conta dos déficits fiscais elevados. No entanto, o crescimento econômico mais fraco, em meio a uma política monetária restritiva, deve reduzir o déficit em conta corrente, reforçando a forte posição externa do país.

“Nossa perspectiva estável equilibra a fraqueza do perfil fiscal do Brasil com os pontos fortes de sua política externa e monetária”, afirma a agência.

A S&P diz que as fortes exportações de commodities e o status do real como uma moeda ativamente negociada, reduzindo as necessidades de financiamento externo, também ajudarão a manter a posição externa do Brasil mais sólida.

Por outro lado, a agência prevê que os déficits do governo geral devem continuar elevados, por conta da estrutura de gastos primários inflexível e da alta carga de juros no Brasil -a Selic (taxa básica de juros) está em 14,75% ao ano, maior nível em quase 20 anos.

Para a S&P, o arcabouço fiscal deve levar a iniciativas para enfrentar as fraquezas fiscais do país, mas não antes das eleições presidenciais de 2026.

A agência aponta que pode rebaixar a nota de crédito do Brasil nos próximos dois anos se a implementação de políticas não for capaz de conter a pressão dos gastos, levando a um aumento na dívida mais rápido do que o esperado. Diz, ainda, que uma deterioração nas sinalizações de políticas pode afastar investimentos estrangeiros e enfraquecer a posição externa do país.

Já uma elevação pode ocorrer se o país conseguir aumentar o superávit primário e reduzir a rigidez da estrutura orçamentária, ou seja, os gastos obrigatórios, reforçando a expectativa de redução de dívida e maior crescimento.

“Em nossa opinião, as políticas voltadas para a consolidação fiscal promoveriam um ambiente de taxas de juros mais baixas, contribuindo para o crescimento econômico”, diz a S&P.

Na última sexta (30), a agência de classificação de risco Moody’s Ratings alterou na perspectiva do rating soberano do Brasil de positiva para estável. A nota de crédito de longo prazo foi mantida em Ba1.

Segundo a Moody’s, a mudança na perspectiva refletiu a perda de fôlego dos fatores que vinham sustentando uma possível melhora na nota do país. A agência também citou o aumento expressivo do custo da dívida e a rigidez das despesas públicas, apesar do cumprimento das metas de resultado primário.

COMO FUNCIONAM AS NOTAS DE CRÉDITO

A S&P Global Ratings é uma das três maiores agências de classificação de risco do mundo, e suas notas de crédito consistem em avaliações da probabilidade de um emissor de títulos honrar com suas obrigações financeiras.

Investidores internacionais ficam atentos às notas dadas por essas agências na hora de escolher onde aportar seus recursos.

Se o investidor acredita que, mesmo com uma nota menor, vale a pena apostar nos títulos do país, ele então cobra um prêmio maior, adequado ao risco oferecido pelo emissor.

Vale ressaltar que essas notas não são medidas absolutas, mas apenas uma ferramenta usada no processo de tomada de decisões.