PARIS, FRANÇA (FOLHAPRESS) – O presidente Lula (PT) fez uma brincadeira de gosto duvidoso sobre o físico da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, durante a entrevista à imprensa no Palácio do Eliseu, em Paris, nesta quinta-feira (5).

“E a minha ministra, que está ali, bem magrinha, dá uma olhada pra Marina. De trabalhar. De trabalhar. Ela saiu do Acre, na amazônia, pra ver se ficava mais robusta lá em Brasília. Mas dão tanto trabalho pra ela que ela não consegue engordar. Isso é de trabalhar, é de viajar, é de defender, é de tentar cuidar de um país que foi descuidado durante muito tempo”, disse Lula, provocando um sorriso da própria Marina, sentada à primeira fila, e de parte do auditório.

Procurada pela Folha de S.Paulo ao final da entrevista, Marina limitou-se a sorrir e não comentou a fala do presidente. Antes de deixar a sala de entrevistas, a ministra ganhou um abraço do presidente da França, Emmanuel Macron.

Lula se referia ao que qualificou de trabalho de reestruturação dos órgãos do governo encarregados de combater o desmatamento, após o governo Bolsonaro (2019-2022).

“O meu país tinha sido quase destruído. Quando eu voltei à presidência [em 2023], o Ibama tinha setecentos funcionários a menos do que tinha em 2010. Ou seja, quinze anos depois a gente tinha setecentos funcionários a menos. Nós tivemos que reestruturar para a gente poder cuidar disso.”

A ministra do Meio Ambiente tem problemas de saúde crônicos. Segundo biografia publicada em 2010 —”Marina: A Vida por uma Causa”, da jornalista Marília de Camargo César—, Marina sofreu envenenamento por metais pesados na juventude, provavelmente por superdosagem de remédios para a leishmaniose, provocando problemas de fígado e pâncreas.

Em abril passado, ela teve um desconforto gástrico e foi atendida no Hospital Brasília, no Distrito Federal. O Ministério do Meio Ambiente informou que seus sintomas eram compatíveis com um quadro viral.

Durante a reunião bilateral entre Lula e Macron, o meio ambiente foi um dos principais temas. O presidente brasileiro disse, na coletiva, que seu colega francês precisa defendê-lo perante os líderes europeus.

“Eu queria pedir ao Macron uma coisa muito séria”, disse. “Não permita que nenhum país europeu coloque dúvida sobre a defesa que o Brasil faz para eliminar o desmatamento do Brasil. Vocês conhecem o território brasileiro, sabem que a gente tem cinco biomas muito importantes e que nós tratamos esses biomas como se estivéssemos tratando a nossa própria cama.”

“Queremos eles bem cuidados, bem preservados. Agora, é um território de oito milhões e meio de quilômetros quadrados. Não é um território fácil de controlar”, ressalvou.

Macron, por sua vez, lembrou que estará presente na COP30 (30ª conferência do clima das Nações Unidas), em novembro, em Belém.

“É um encontro importante, que vai remobilizar a comunidade internacional. Trinta anos depois da cúpula da Terra do Rio [de Janeiro], ele volta ao Brasil para abrir um novo caminho. A França o apoia e estaremos ao seu lado, não somente para estarmos presentes, mas anunciar, reforçar nossa ação e nosso engajamento ao serviço, ao mesmo tempo, da luta contra o aquecimento climático e para a biodiversidade.”

Na segunda-feira (9), Lula e Macron se encontram na Conferência das Nações Unidas sobre o Oceano, em Nice, no sul da França.