SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Quase 60% dos motociclistas vítimas de acidentes de trânsito socorridas ao CMH (Centro Hospitalar de Santo André), hospital do município do ABC paulista com atendimento público, realizavam atividade pessoal com a moto no momento do sinistro e não pilotavam profissionalmente.

Os dados são de uma pesquisa realizada pelo Instituto Cordial, em parceria com a Abramet (Associação Brasileira de Medicina do Tráfego), e apoiada pela empresa de aplicativo em transporte Uber.

O estudo se concentrou em internações hospitalares e utilizou prontuários, entrevistas com vítimas e análise de dados do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).

Ao todo, foram realizadas 141 entrevistas entre os dias 13 de janeiro e 24 de abril de 2025. Do total, 116 eram motociclistas e os demais, acompanhantes (6), pedestres (11) e passageiros (8), além de 31 prontuários do Samu.

“Os dados foram coletados de forma presencial diretamente do Centro Hospitalar do município de Santo André, que, segundo o DataSUS, possui grande número de atendimentos a vítimas de sinistros com moto no Grande ABC”, diz a pesquisa.

Conforme o Infosiga, sistema estadual de monitoramento da letalidade no trânsito do governo estadual– 40% das pessoas mortes em acidentes de trânsito nos quatro primeiros meses deste ano no município estavam em motocicletas. O percentual é menor que a média em todo o estado de São Paulo no mesmo período, de 43%.

De acordo com o levantamento, 58% das vítimas de acidentes com motos atendidas na unidade médica no período pesquisado, usavam o veículo para deslocamento de um lugar a outro, ou seja, transporte para atividade pessoal, como trabalho ou estudo, por exemplo.

Outros 12% faziam entregas de encomendas pedidas via aplicativo, 10% passeavam e 8% eram motoboys sem vínculo com empresas de aplicativo.

A pesquisa divulgada, que não apresenta números absolutos, somente os percentuais, mostra que do total de acidentados socorridos ao CMH, 5% transportavam passageiros em corrida pedida via aplicativo e 3% eram em mototáxi, ou seja, em apenas 8% dos casos havia garupas que pagaram pela condução.

Em Santo André, assim como em outras cidades da região metropolitana de São Paulo, é permitido uso de transporte de passageiros por aplicativo. Na capital paulista, as empresas Uber e 99 travam com a prefeitura uma briga na Justiça para liberação do serviço –a última decisão, do mês passado, suspendeu a atividade e recomendou que o município faça uma regulamentação em até 90 dias.

A pesquisa do Instituto Cordial e da Abramet mostrou que dos entrevistados, 46% disseram que o principal uso da veículo é para entregas, à frente dos 38% que utilizam a motocicleta como meio de locomoção.

Apenas 5% conduziam motos para transporte de pessoas, número de inferior aos que usam o veículo como lazer.

A maioria (47%) pilota motocicleta há mais de 9 anos e 72% dos entrevistados portavam CNH (Certeira Nacional de Habilitação) em dia. A idade média dos motociclistas é de 32,3 anos.

Outros dados mostram que em 53% dos casos, o acidente foi entre 1 km e 5 km da residência da vítima e que 60% dos sinistros ocorreram em vias onde a velocidade é de 60 km/h, com semáforos e cruzamentos para interligação da cidade –42% foram em áreas predominantemente residenciais e 28% em zonas comerciais ou de serviços.

Do total, 13% relataram consumo de álcool e 6% de drogas antes do sinistro.

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Perfil e condições dos envolvidos em acidentes

? Idade média dos motociclistas: 32,3 anos

? Tempo médio de pilotagem: 12 anos

? Deslocamentos diários (sem relação com geração de renda): concentram quase 3 em cada 5 sinistros de moto

? Uso da motocicleta: 46% para entregas, 38% para transporte próprio

? Frequência de uso: Mais de 80% pilotam de 6 a 7 dias por semana

? Habilitação: 25% dos internados não possuem CNH para motocicleta

? Risco elevado: 13% relataram consumo de álcool e 6% de drogas antes do sinistro

Fonte: Instituto Cordial/Abramet