SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar abriu em baixa nas primeiras negociações desta quinta-feira (5), com os investidores atentos às negociações comerciais entre os Estados Unidos e seus parceiros, além de dados sobre a maior economia do mundo.

Às 9h03, a moeda americana caía 0,31%, a R$ 5,6277. Na quarta, o dólar fechou em leve alta de 0,12%, cotado a R$ 5,644, e a Bolsa recuou 0,39%, a 137.001 pontos, pressionada pelas ações da Petrobras e de grandes bancos.

O mercado esteve atento à guerra comercial do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e a dados econômicos de lá. Na cena doméstica, o destaque seguiu sendo a política fiscal do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Trump assinou, na terça-feira, um decreto que dobra as tarifas de importação sobre aço e alumínio, de 25% para 50%. A medida entrou em vigor nesta madrugada e afetará as exportações do Brasil, segundo maior fornecedor de aço ao mercado norte-americano.

Segundo o texto, a decisão foi tomada após análises que indicaram que as tarifas anteriores não foram suficientes para conter a entrada de produtos estrangeiros a preços baixos, o que compromete a competitividade das siderúrgicas e metalúrgicas dos EUA.

O governo americano afirma que a escalada das tarifas é necessária para garantir a saúde dessas empresas e atender às necessidades de defesa nacional. O aumento inicial para 25% foi anunciado em fevereiro.

O movimento de quarta também teve como pano de fundo a expectativa de um possível telefonema de Trump e o líder chinês, Xi Jinping, que pudesse arrefecer as tensões comerciais.

Em postagem na Truth Social, Trump escreveu: “Gosto do presidente Xi da China, sempre gostei e sempre gostarei, mas ele é MUITO DURO E EXTREMAMENTE DIFÍCIL DE FAZER UM ACORDO.”

A Casa Branca sinalizou na terça que eles devem conversar ainda nesta semana, dias depois de ambos os países trocarem acusações sobre um suposto descumprimento de um entendimento alcançado no mês passado para reduzir tarifas e restrições comerciais.

Mas a publicação de Trump não foi um bom presságio para uma rápida resolução de suas divergências. Além disso, a tensão voltou a rondar as mesas de operação com a proximidade do final do prazo para negociação entre os EUA e parceiros comerciais. Trump deu até quarta-feira para que os países apresentem suas “melhores ofertas” para evitar a imposição de tarifas mais altas em julho.

YouTube Como é que é? Qual é o saldo dos cem dias de governo Trump? Com um mês à frente da presidência dos Estados Unidos, Donald Trump anunciou um pacote de decretos que desafiava as leis americanas com o objetivo de ampliar o poder do chefe do Executivo.Trump assinou mais decretos do que qualquer outro ocupante d… https://www.youtube.com/watch?v=tBEFgoN15KI *** As atenções também se voltaram aos efeitos das tarifas na economia norte-americana. O relatório da ADP mostrou que os empregadores do setor privado dos EUA abriram 37 mil vagas em maio, bem abaixo da projeção de 110 mil de pesquisa da Reuters, apontando para uma desaceleração do mercado de trabalho do país.

A divulgação provocou uma reação imediata em Trump. “Saiu o número da ADP. O ‘Senhor Tarde Demais’ [Jerome Powell, presidente do Federal Reserve] tem que baixar os juros agora. Ele é inacreditável. A Europa já baixou nove vezes”, escreveu na Truth Social.

Os dados da ADP precedem o relatório payroll (folha de pagamento, em inglês), que é mais abrangente e será publicado na sexta-feira.

Trump vem atacando Powell há meses, e seus pedidos pela saída do presidente do banco central dos EUA têm pesado sobre as ações e os mercados. Sobretudo, têm levantado dúvidas sobre a independência do Fed sob o governo Trump, ainda que o presidente tenha dito no mês passado que não irá remover Powell do cargo antes do término do mandato do dirigente.

Já na cena doméstica, o foco esteve voltado para o fiscal. A equipe econômica do governo busca soluções para o impasse do aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

O ministro Fernando Haddad (Fazenda) afirmou, na véspera, que medidas fiscais estruturais em discussão pelo governo não serão anunciadas antes de uma reunião com lideranças partidárias do Congresso Nacional, prevista para domingo.

Para Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, a sinalização foi importante para os investidores locais.

“O governo parece bastante determinado a buscar uma alternativa para o IOF como solução para a crise atual. Mesmo quando questionado sobre medidas mais duras, o presidente Lula não negou a possibilidade de negociar com as lideranças”.

Spiess afirmou que os ruídos em torno dessas negociações foram reduzidos, o que ajudou a melhorar o clima local.

“Diante da possibilidade de apresentar, em curto prazo, alguma alternativa ao IOF, as apostas começam a mudar, com o mercado passando a apostar em um cenário mais positivo, ainda que seja apenas uma solução parcial e minimamente bem feita”, disse.

Na ponta corporativa, os papéis ordinários e preferenciais da Petrobras recuaram 2,91% e 2,7581%, respectivamente, sob pressão dos preços do petróleo no exterior. O barril do Brent perdeu 1,19% na Bolsa de Londres.

Grandes bancos também registraram quedas. O Banco do Brasil caiu 2,74%, seguido por Santander (2,35%) e Itaú (0,24%). Bradesco, na contramão, fechou sem alteração.