Evento reúne artistas locais e regionais que mantêm vivas as raízes italianas através da música, da dança e da confraternização

O Festival Italiano de Nova Veneza chega à sua 19ª edição em 2025 reafirmando sua essência: uma grande celebração da cultura italiana, onde a música, a dança e a alegria são protagonistas. Indo além de suas origens como evento gastronômico, o festival se consolida como um encontro de gerações que, através da arte, mantêm viva a memória e o legado dos imigrantes italianos que ajudaram a construir a história da cidade.

A cidade, que fica a 29 quilômetros da capital Goiânia, no Centro-Oeste do Brasil, foi um reduto dos colonos italianos que vieram para o Brasil há mais de 100 anos. Stival, Bisinoto, Faquim e Bosco foram as primeiras famílias vindas da Itália e que se fixaram na região por volta de 1912, unindo-se aos Sousa, Alves, Santos, Ferreira, Vargas, Peixoto e Constantino.  “Já listei 36 sobrenomes italianos diferentes de famílias imigrantes que aqui se fixaram”, diz Marlene Stival, moradora da cidade e descendente de italianos. Atualmente, cerca de 60%  de sua população formada por descendentes italianos.

O cantor Valdir Amaral, morador de Nova Veneza e descendente de trevisanos, é parte desse legado e faz questão de apresentar um repertório 100% italiano. Entre clássicos como Champagne, Tornerò e canções folclóricas, Valdir compartilha não apenas sua voz, mas também um pedaço da sua história.

“É um orgulho enorme cantar aqui, resgatando as músicas que embalaram gerações. A música italiana tem uma serenidade, um romantismo que conecta a gente com nossos avós, com nossas raízes. O público recebe isso com muito carinho. É uma honra participar de todas as edições, desde a primeira. Esse festival é um espelho para a comunidade, uma oportunidade de fortalecer nossa cultura”, conta.

Segundo ele, os reflexos da apresentação ultrapassam os limites do palco. “Depois dos shows, muita gente vem perguntar se temos CDs, se fazemos mais apresentações… Isso valoriza muito o nosso trabalho e ajuda os músicos locais a seguirem vivendo de arte”, completa.

Coral, dança e memórias afetivas

A professora Iraíldes Pereira é uma goiana que adotou a cultura italiana no coração. Vive na cidade há vários anos e passou a dedicar-se à música italiana, sendo responsável pelo coral das crianças e um de adultos. Ela  vê no trabalho com corais da cidade uma ponte direta entre a cultura e a emoção, e destaca como a música italiana traz alegria e pertencimento.

 “As crianças se divertem muito aprendendo músicas em italiano. As palavras são diferentes, as melodias são alegres, e tudo vira uma grande brincadeira que também ensina sobre a cultura. A música da polenta, por exemplo, a gente canta fazendo gestos, e assim eles aprendem como a polenta surgiu e sua importância”, explica.

Para os adultos, ela observa um efeito ainda mais profundo: “É uma terapia, e as músicas trazem lembranças dos pais, dos avós, da infância. É uma alegria que contagia”.

Baile de Máscaras: tradição e magia

O sábado do festival reserva um dos momentos mais aguardados: o tradicional Baile de Máscaras, conduzido pela cantora Ana Paula Drigo. Com figurinos exuberantes, tarantelas e marchinhas de carnaval italianas, o evento une mistério e descontração.

“O público abraça essa proposta com muito entusiasmo. As máscaras, os trajes e a música criam um ambiente onde a tradição se transforma em arte e celebração. O baile acontece desde a primeira edição do festival, e é uma forma de manter viva essa expressão cultural tão marcante da nossa história”, destaca Ana Paula.

Sertanejo e Itália: uma mistura que dá certo

No domingo, quem também sobe ao palco é a dupla Izadora Cruz e Jordanna Félix, com o show Laços & Canções. Unidas pela paixão pela música e pela herança italiana, elas fazem uma releitura dos clássicos italianos no estilo sertanejo universitário.

“Cantar no festival é sempre muito especial. É uma conexão profunda com nossas origens e, ao mesmo tempo, uma chance de mostrar como a cultura italiana pode dialogar com outros estilos, como o sertanejo”, explica Izadora, que canta profissionalmente há 10 anos e participa do festival desde os 8.

Ela lembra que a influência italiana vai além da música. “Nova Veneza é palco da cultura italiana em Goiás, e é também uma cidade que valoriza muito seus artistas. É incrível viver essa mistura de culturas, italiana e goiana, em um só show”, comenta.

Mais que uma festa 

Para a dona Marlene, o Festival Italiano da cidade é mais que uma simples festa. “Ela ajudou a fazer um verdadeiro resgate e preservação de costumes e tradições que foram se perdendo ao longo dos anos”, conta. Poucos se lembram, mas a cidade passou por uma espécie de apagão cultural, especialmente após a Segunda Guerra Mundial, quando tivemos o nome do nosso então distrito alterado para Goianás por determinação do governo brasileiro, que se alinhou ao bloco capitalista, contra o movimento facista italiano. Assim como a cidade goiana, outras instituições e movimentos de imigração italiana e alemã Brasil afora também tiveram seus nomes alterados pelo mesmo motivo.

Somente em 1958, quando foi emancipado que o município voltou a se chamar Nova Veneza. Com o desestímulo, e por serem uma população pequena, muitos descendentes deixaram parte dos hábitos de seus ascendentes para trás, conta Marlene. Por isso, a criação do Festival Italiano, em sua visão, foi tão importante. “Ele foi criado justamente para que as pessoas possam valorizar mais as tradições dos nossos antepassados e não deixar a cultura morrer”,  diz. 

PROGRAMAÇÃO A CADA DIA

DIA 05 DE JUNHO- QUINTA-FEIRA

19:00- Santa Missa na Igreja da Matriz de Nossa Senhora do Carmo

19:00-  Abertura das cantinas

20:30- Abertura oficial no palco principal

21:00- Apresentações Culturais, Musicais e Artísticas locais

21:30- Quinteto de cordas da Orquestra Filarmônica de Goiás

22:00- Show Regional com Almir Pessoa (Realização: SESC)

DIA 06 DE JUNHO- SEXTA-FEIRA

18:00- Campeonato do Jogo de Bocha – Fase classificatória

19:00-  Abertura das cantinas

19:00- Apresentações Culturais, Musicais e Artísticas locais

            Apresentação do Grupo Folclórico Ítalo Brasileiro de SC.

21:00- Show com os Tenores do Brasil (SP)

22:30- Banda Versatto (GO)

DIA 07 DE JUNHO- SÁBADO

ALMOÇO:

11:00-  Abertura das cantinas

11:00- Apresentações Culturais, Musicais e Artísticas locais

           Apresentação do Grupo Folclórico Ítalo Brasileiro de SC.

14:00 – Apresentação dos Tenores de Nova Veneza-Weber e Alex

JANTAR:

19:00-  Abertura das cantinas

19:00- Apresentações Culturais, Musicais e Artísticas locais

             Apresentação do Grupo Folclórico Ítalo Brasileiro de SC.

20:00-Apresentação do Coro Amici di Veneza

21:00- Ana Paula Drigo e banda

22:30- Carnavale di Venezia- Baile de Máscaras 

DIA 08 DE JUNHO- DOMINGO 

11:00-  Abertura das cantinas

11:00- Apresentações Culturais, Musicais e Artísticas locais

            Apresentação do Grupo Folclórico Ítalo Brasileiro de SC.

13:30- Show em Italiano com o cantor Valdir Amaral

14:30- Show em italiano com as cantoras Izadora Cruz e Jordanna Félix

17:00-Show com os Tenores Alex e Weber Rosa

18:00- Encerramento com o tradicional Panelaço.