PARIS, FRANÇA (FOLHAPRESS) – O presidente Luiz Inácio Lula da SIlva (PT) chegou nesta quarta-feira (4) a Paris para visita oficial à França. Ele aterrissou no aeroporto de Orly às 13h30 locais (8h30 no Brasil) e chegou ao hotel Intercontinental Le Grand, vizinho da Ópera de Paris, às 14h19 locais (9h19 de Brasília), ao lado da primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, a Janja.

Ambos desceram para falar com um grupo de cerca de 50 apoiadores que aguardavam na porta do hotel aos gritos de “Lula guerreiro do povo brasileiro”. Recebeu de uma delas um keffiyeh, lenço preto e branco que simboliza a luta palestina. Colocou-os sobre os ombros e entrou sem falar com a imprensa.

A comitiva inclui 19 autoridades, entre elas sete ministros titulares (Relações Exteriores, Justiça, Portos e Aeroportos, Agricultura, Cultura, Minas e Energia, Meio Ambiente), três senadores e quatro deputados federais. A diária mais barata do Le Grand nos sites de busca custa € 471 (cerca de R$ 3.000).

O uso do keffiyeh por Lula ocorre um dia depois de o presidente subir o tom contra a ofensiva militar de Israel em Gaza. Ele voltou a falar em genocídio e disse que Tel Aviv tem de parar com vitimismo. “E vem dizer que é antissemitismo? Precisa parar com esse vitimismo. Precisa parar com esse vitimismo e saber o seguinte: o que está acontecendo na Faixa de Gaza é um genocídio”, declarou Lula em entrevista coletiva nesta terça (3), em Brasília, antes de embarcar para a França, cujo presidente, Emannuel Macron, também endureceu o discurso contra Israel.

A movimentação no lobby do hotel despertou a curiosidade de um hóspede ilustre, o ex-secretário de Estado americano e ex-candidato à presidência dos EUA John Kerry. Ele perguntou aos repórteres brasileiros o motivo da aglomeração na entrada do hotel e, ao saber da presença do presidente brasileiro, ergueu o punho cerrado e exclamou “Lula!”, sorrindo.

Segundo o Palácio do Planalto, o presidente não tem compromissos oficiais nesta quarta. Já primeira-dama, Janja, foi a um encontro com sua homóloga francesa, Brigitte Macron, e um grupo de estilistas brasileiras em um restaurante de Paris.

“Que bom que você veio! Tô muito feliz”, disse Janja, em português, depois de abraçar efusivamente Brigitte na entrada do Museu do Homem, local do evento. A primeira-dama francesa chegou às 20h13 locais (15h13 em Brasília). Também em português, Janja a apresentou à ministra da Cultura, Margareth Menezes, e ao presidente da Apex, o ex-senador Jorge Viana.

Na manhã desta quinta (5), Lula será recebido por Macron no pátio dos Invalides, o monumento francês onde fica o túmulo de Napoleão e onde são recebidos chefes de Estado em visita oficial. Em seguida, Lula tem uma reunião com Macron no Palácio do Eliseu, sede da presidência, seguida de declaração à imprensa e almoço.

Na tarde de quinta, Lula será homenageado com uma sessão privada da Academia Francesa, homenagem concedida raramente pela instituição criada no século 17. De lá, o presidente segue para o Hôtel de Ville, sede do governo municipal de Paris. Será recebido pela prefeita, a socialista Anne Hidalgo, e inaugurará uma placa comemorativa na “floresta urbana” plantada pela capital francesa na esplanada em frente à prefeitura.

Às 20h30 (15h30 em Brasília) de quinta, Lula janta com Macron e um grupo de personalidades brasileiras e francesas no Eliseu.

Na sexta (6), o presidente recebe o título de doutor honoris causa da Universidade Paris 8 e inaugura duas exposições de arte brasileira no Grand Palais, pavilhão de exposições histórico no centro de Paris. Também participa de cerimônia de certificação do Brasil como país livre de febre aftosa sem vacinação, concedida pela Organização Mundial de Saúde Animal, e discursa no Fórum Empresarial Brasil-França.

O Planalto ainda não havia confirmado, até a manhã desta quarta, se Lula viaja para o litoral mediterrâneo ainda na tarde de sexta ou na manhã de sábado. Ele participará de um fórum sobre “economia azul” (relacionada aos mares) em Mônaco, no dia 8, e da Conferência das Nações Unidas sobre o Oceano, em Nice, no dia 9. Antes de retornar o Brasil, no mesmo dia 9, ele visitará em Lyon a sede da Interpol, organização internacional de polícias. O secretário-geral da Interpol é o delegado da Polícia Federal brasileira Valdecy Urquiza, eleito no ano passado com apoio do governo brasileiro.