SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em novo episódio de tensão entre o governo de Donald Trump e instituições de ensino superior dos Estados Unidos, o Departamento de Educação acusou nesta quarta-feira (4) a Universidade Columbia de violar leis federais relacionadas à discriminação ao tolerar, no ano passado, manifestações supostamente antissemitas.
A pasta disse ter notificado a Comissão de Ensino Superior dos Estados Médios (MSCHE, na sigla em inglês), responsável por credenciar instituições que concedem diplomas. No pior dos cenários, uma eventual punição à Universidade Columbia poderia impactar sua autorização de funcionamento.
A MSCHE diz que suas instituições associadas, caso de Columbia, atendem a todos os padrões estabelecidos pelos órgãos competentes sobre o que chama de integridade e qualidade acadêmica. Somente as instituições credenciadas pela comissão são elegíveis para pleitear bolsas de estudo e outros tipos de ajuda federal, incluindo o programa Pell Grants, que atende milhões de estudantes.
“Os credenciadores têm uma enorme responsabilidade pública como guardiões da ajuda federal aos estudantes”, escreveu a secretária de Educação dos EUA, Linda McMahon, em comunicado. “Assim como o Departamento de Educação tem obrigação de cumprir a lei federal antidiscriminação, os credenciadores universitários têm a obrigação de garantir que as instituições membros cumpram os padrões.”
Procurada pela agência de notícias Reuters, a Universidade Columbia não se manifestou.
A medida é mais um ataque do governo Trump contra instituições de ensino americanas. A Casa Branca alertou pelo menos 60 outras universidades sobre possíveis ações devido a suposta falha em cumprir as leis federais relacionadas a direitos civis e ao antissemitismo.
Columbia ganhou manchetes em todo o mundo em 2024, quando se tornou um dos principais palcos de manifestações estudantis contra a guerra na Faixa de Gaza, a destruição e as mortes causadas por Israel contra a população palestina, e o apoio dos EUA ao seu aliado histórico no Oriente Médio.
Em março, a universidade cedeu a pressões exercidas pelo governo federal e aceitou permitir operações de detenção no campus. A instituição também aceitou mudanças em seu departamento de estudos sobre o Oriente Médio como condição para recuperar US$ 400 milhões (cerca de R$ 2,3 bilhões) suspensos pelo governo Trump, que acusou a universidade de falhar no combate ao antissemitismo.
Mas a reitora interina, Claire Shipman, já disse que a universidade “rejeitaria a orquestração pesada do governo, que poderia prejudicar a instituição e minar reformas úteis”. Ela afirmou que seria inaceitável qualquer acordo em que as autoridades federais influenciassem o currículo acadêmico da instituição.
O governo republicano tem buscado enfraquecer a estabilidade financeira e o prestígio global de universidades que têm resistido às exigências de mudanças profundas em suas políticas.
No mês passado, o governo do presidente Trump ordenou que suas missões no exterior suspendessem o agendamento de novas entrevistas para vistos de estudantes e alunos de intercâmbio, enquanto o Departamento de Estado se prepara para ampliar a checagem de redes sociais desses candidatos.
Estudantes estrangeiros, em sua maioria, pagam por completo as altas mensalidades das universidades americanas ajudando, inclusive, a subsidiar bolsas para americanos de baixa renda.