SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A mudança anunciada pela Fuvest, em dezembro de 2024, para a prova de redação do vestibular 2026 provocou reações entre estudantes. Um grupo de vestibulandos divulgou, na última quinta-feira (29), uma carta aberta cobrando mais clareza sobre o novo modelo e criticando a forma como a alteração foi comunicada. A petição online com o texto já acumula mais de 1.400 assinaturas.

A principal crítica se refere à falta de informações detalhadas sobre o novo formato da prova, que passa a oferecer duas propostas de redação com gêneros textuais distintos. O candidato deverá escolher entre um texto dissertativo-argumentativo -modelo tradicional do vestibular- e outro de natureza narrativa, como uma carta, crônica ou discurso, por exemplo. Ambas as propostas partirão de uma mesma coletânea de textos.

Segundo os estudantes, o simulado gratuito aplicado pela Fuvest nos dias 26 e 27 de abril, que serviria como preparação para o novo modelo, aumentou as dúvidas.

Na ocasião, a Folha de S.Paulo informou que, diferentemente da prova oficial, o simulado exigiu que os participantes escrevessem dois textos, cada um com um gênero diferente. O novo modelo segue diretrizes da BNCC (Base Nacional Comum Curricular), que prioriza a capacidade de argumentação com base em dados confiáveis e exige atenção aos usos da língua em meios digitais e à produção de textos com elementos visuais.

“Acreditamos que, diante de tantas renúncias feitas por milhares de candidatos ao longo desse percurso, a clareza dos objetivos da banca é essencial: demonstra o compromisso com uma avaliação justa e respeitosa”, afirma o grupo. Eles argumentam que a falta de previsibilidade prejudica especialmente quem não tem acesso a cursinhos ou materiais especializados.

A carta também critica o que considera um discurso meritocrático por parte da banca, ao adotar o lema “Vencerás pela educação” em sua nova identidade visual. Para os autores, a frase ignora desigualdades sociais e reforça a ideia de que apenas o esforço individual seria suficiente para acessar a universidade.

Em resposta publicada nesta segunda-feira (2), a Fuvest afirmou que o novo modelo foi aprovado pelo Conselho de Graduação da USP, a partir de proposta elaborada por professores da própria universidade. A fundação também explicou que o simulado teve caráter pedagógico e experimental, e serviu para observar como os estudantes lidam com diferentes gêneros textuais.

Segundo a banca, a correção do simulado revelou “baixíssimo grau de discrepância entre a produção dos diferentes gêneros textuais” entre os candidatos com melhor desempenho. A Fuvest garantiu que o novo modelo não comprometerá a justiça da avaliação.

A fundação também afirmou que divulgará um guia explicativo sobre o novo formato. Na prova oficial, os candidatos deverão escolher apenas uma das duas propostas de redação.

Além disso, a Fuvest anunciou que está desenvolvendo, em parceria com pesquisadores da USP, um programa de escuta psicológica voltado aos vestibulandos.

Apesar da resposta, os autores da carta voltaram a se manifestar nas redes sociais. Pelo perfil do grupo no Instagram, pediram a divulgação antecipada do edital -que é de responsabilidade do Conselho de Graduação da USP- e do guia com orientações sobre as provas.

De acordo com o diretor executivo da Fuvest, Gustavo Mônaco, a fundação só consegue fazer os guias quando o edital estiver pronto. Para isso, eles precisam pedir à Pró-Reitoria de Graduação essa antecipação.

CALENDÁRIO FUVEST

Isenção da taxa: 12 de maio a 11 de julho de 2025

Inscrições: 18 de agosto a 7 de outubro de 2025

1ª Fase: 23 de novembro de 2025

2ª Fase: 14 e 15 de dezembro de 2025

Divulgação da 1ª chamada: 23 de janeiro de 2026