BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – A Assembleia Legislativa do Equador aprovou nesta terça-feira (3) uma reforma que permite a instalação de bases militares estrangeiras no país. A proposta recebeu apoio de 82 parlamentares e ainda precisa ser levada a referendo, com a data a ser definida pelas autoridades eleitorais.

Fiador da medida, o presidente Daniel Noboa, que acaba de ser reeleito, argumenta que a cooperação internacional é vital para combater o tráfico de drogas, e que o crime teria aumentado após o fechamento de uma base dos Estados Unidos no país, em 2009. Noboa e Donald Trump tiveram uma reunião em março, onde foi discutida a reabertura de uma nova instalação militar gerida por Washington.

Noboa começou seu novo mandato em 24 de maio, afirmando que as redes de tráfico de drogas são transnacionais e exigem uma resposta conjunta com outros países. De acordo com o presidente, as instalações militares estrangeiras ajudarão a combater o crime organizado. Segundo o governo, durante o tempo em que os EUA operaram a base militar, na cidade de Manta, as apreensões de cocaína aumentaram em quase 500%.

Parlamentares governistas afirmaram que a saída da base militar americana fez com que o Equador se tornasse um ponto central para o tráfico de drogas. A oposição, por sua vez, argumenta que a presença militar estrangeira não resolverá os problemas de segurança, exigindo que o governo apresente um plano mais estruturado contra o crime.

Noboa chegou a mencionar o projeto durante o debate eleitoral, quando enfrentou a candidata de esquerda, Luisa González, com quem disputava o segundo turno presidencial em abril. “O que devemos fazer? Ter aqui, restabelecer uma base, como a base de Manta, a base que vocês mesmos eliminaram, para que o tráfico de drogas no Equador possa ser controlado”, disse, referindo-se ao governo de Rafael Correa, padrinho político de González.

A Constituição de 2008, promulgada por Correa, proíbe a presença de bases militares estrangeiras no país. Correa não renovou o acordo com os EUA para a base em Manta, o que, segundo Noboa, desarticulou o combate ao narcotráfico a partir da vizinha Colômbia e contribuiu para o aumento da violência criminal em seu país.

Em 17 de outubro de 2024, o presidente Noboa enviou o projeto de reforma parcial da Constituição à Assembleia Nacional, no qual propôs alterar o artigo 5º da Carta para que apenas diga que “o Equador é um território de paz”.