SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – A Polícia Civil investiga o caso de panfletos com apologia ao grupo supremacista branco norte-americano Ku Klux Klan colados no entorno do campus do Mackenzie, na região de Higienópolis, bairro nobre de São Paulo, na semana passada.
Cartazes com imagens de pessoas negras, símbolos da KKK e o logo do Mackenzie foram divulgados nas redes sociais no último fim de semana. Em nota, o Mackenzie repudiou o que classificou como “ataque” à instituição a partir de “símbolos e mensagens de ódio e intolerância”.
Polícia Civil investiga episódio como “difamação” à faculdade. Procurada pelo UOL, o órgão informou que “investiga um caso de difamação contra uma instituição de ensino após a distribuição de cartazes com imagens da Ku Klux Klan associadas à identidade visual da universidade”. O caso foi registrado pela Delegacia Eletrônica e encaminhado ao 4º DP (Consolação), que apura a autoria e as circunstâncias do crime.
Cartazes foram colados um mês após repercussão de caso de racismo contra aluna do Colégio Mackenzie, localizado no mesmo prédio do campus universitário. No fim de abril, a adolescente de 15 anos, bolsista da instituição de ensino, foi encontrada desacordada no banheiro do colégio. Segundo a mãe, ela vinha sofrendo ataques racistas e bullying desde o ano passado.
Família diz que notificou escola por racismo em 2024. A mãe da vítima disse que buscou ajuda psicológica na própria escola, mas que o auxílio não ocorreu por suposta falta de vagas. “Nenhuma providência foi adotada”, disse a advogada Réa Sylvia, que representa os familiares da adolescente.
A Ku Klux Klan é uma organização terrorista foi fundada em uma pequena cidade do Tennessee, nos Estados Unidos, entre os anos de 1865 e 1866. De supremacia branca, promovia -e ainda promove- atos terroristas contra pessoas negras e ativistas de direitos humanos.
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BAIXA REPERCUSSÃO ENTRE ALUNOS
Convocação para um protesto contra os panfletos foi divulgada nas redes sociais. O ato estava previsto para esta segunda-feira (2) ao meio-dia em frente à entrada do Mackenzie, mas não ocorreu. O UOL esteve na faculdade para acompanhar a manifestação e apurar mais informações sobre o caso, mas só haviam assessores de imprensa da instituição e policiais militares posicionados na porta do campus.
Caso não teve grande repercussão entre alunos da faculdade. Conforme apurado pelo UOL, alunos não estavam cientes do protesto marcado para esta segunda e nem mesmo o coletivo estudantil antirracista do Mackenzie tinha conhecimento dos panfletos colados no entorno do campus até o início da semana.
O QUE DIZ O MACKENZIE
Mackenzie afirma que panfletos são “absolutamente incompatíveis com os princípios de respeito, diversidade e inclusão” da instituição. Em nota, a faculdade “reafirma seu compromisso inabalável com a construção de um ambiente acadêmico acolhedor, plural e seguro para toda a sua comunidade”.
Faculdade também diz que investe em “programas de inclusão” para “promover equidade e respeito às diferenças”. O objetivo das iniciativas, segundo o Mackenzie, é “desenvolver o tema da inclusão e combater qualquer forma de discriminação”. A instituição afirmou, por fim, que “reitera seu compromisso com a formação de cidadãos conscientes, éticos e capazes de contribuir para uma sociedade mais justa e inclusiva, repudiando qualquer ato de intolerância ou ódio”.
Sobre caso da adolescente vítima de racismo, colégio disse que prestou ajuda. Em nota enviada em maio, o Colégio Mackenzie informou que a estudante recebeu atendimento médico no dia 29 de abril e que a direção e a coordenação acolheram a mãe presencialmente minutos após o ocorrido e, nos dias seguintes, seguiram acompanhando a situação de perto. “A equipe de orientação educacional e a psicóloga escolar -que já acompanhavam a aluna e sua família- seguem prestando suporte com cuidado, escuta e responsabilidade”.