RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Gestada durante a presidência brasileira do G20, a Coalização Global para o Planejamento Energético foi lançada nesta terça-feira (3), na sede do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
O objetivo é promover a troca de experiências entre países para fomentar ou fortalecer instituições de planejamento energético em busca de atração de investimentos na transição para energias renováveis em países em desenvolvimento.
“A transição energética é o maior desafio dos nossos tempos”, afirmou a diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do BNDES, Luciana Costa. “Temos que nos comprometer a incluir todo mundo.”
O financiamento à transição energética é um dos temas de embate entre países signatários do Acordo de Paris e deve ser um dos temas cruciais da COP30, em Belém, na expectativa de organizações ambientalistas.
A conferência de lançamento da coalizão no Rio contou com representantes de países como Canadá, Dinamarca, Reino Unido, Nigéria e Quênia e instituições multilaterais de financiamento como o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento.
Com essa proposta, o Brasil se propõe a oferecer a expertise nacional em planejamento energético e arcabouço regulatório para atrair investimentos em energia a países do Sul Global.
“Temos longa tradição de planejamento energético de longo prazo”, disse o secretário de Transição Energética e Planejamento do MME (Ministério de Minas e Energia), Thiago Barral. “A coalizão é uma contribuição concreta do Brasil no processo preparatório para a COP30.”
Barral presidiu a EPE (Empresa de Planejamento Energético), criada em 2004 para antecipar necessidades futuras de investimentos no setor. É ela, por exemplo, que antecipa demandas de novas linhas de transmissão e propõe ao governo a licitação das concessões.
Barral comentou que balanço publicado pela EPE na semana passada mostrou que o suprimento de energia elétrica brasileiro já é quase 90% renovável, com o acelerado crescimento das fontes eólica e solar nos últimos anos.
Considerando toda a energia consumida no país (que inclui, entre outros, o transporte), as renováveis respondem por 50% da matriz, com contribuição também do crescimento do uso de biodiesel misturado ao diesel de petróleo.
A coalização lançada nesta terça segue os moldes da Coalizão Global contra a Fome, proposta pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a reunião de líderes do G20 no Rio de Janeiro, em 2024.
A ideia é criar um ambiente que reúna instituições governamentais, especialistas e outros públicos de interesse para trocar experiências e ajudar países em condições menos favoráveis a desenvolver estruturas de planejamento e recursos para acelerar investimentos.
“O desafio fundamental é o gap entre aspiração e implementação [da transição energética]”, disse o presidente da Irena (Agência Internacional para as Energias Renováveis), Francesco La Camera. “Para isso, é preciso planejamento.”
A Irena estima que os investimentos em renováveis deveriam subir da casa dos US$ 1,3 trilhão para algo em torno de US$ 4,5 bilhões por ano para garantir o cumprimento das metas estabelecidas pelo Acordo de Paris.