BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O primeiro-ministro holandês, Dick Schoof, anunciou sua renúncia, nesta terça-feira (3), apenas horas após o líder da ultradireita, Geert Wilders, retirar seu partido, o Partido pela Liberdade (PVV), da coalizão de governo.

A decisão joga a Holanda em período de transição até as próximas eleições parlamentares, ainda sem data, durante o qual será governada por uma gestão interina —ministros do partido de Wilders deixarão o gabinete, enquanto os titulares restantes de outras pastas continuarão na administração.

Os outros partidos da coalizão agora têm a opção de tentar prosseguir como um governo minoritário, embora não se espere que o façam.

De forte discurso populista e anti-islâmico e conhecido como “Trump holandês”, Wilders levou o PVV a ser o mais votado nas últimas eleições, disputadas em 2023, longe, no entanto, do necessário para formar um governo sozinho. Com um sistema político-partidário hoje bastante fragmentado na Holanda, são 37 de 150 cadeiras atualmente com a legenda vencedora do pleito.

Durante as longas negociações para formar a coalizão com outras siglas de direita, que terminou horas antes do prazo, ficou acordado que Wilders não seria o premiê, apesar de compor o governo e ser o líder da legenda mais votada.

Nesta terça, ele publicou em seu perfil a decisão de deixar o governo. “Nenhuma assinatura dos nossos planos sobre asilo. Nenhum ajuste ao acordo da coalizão. O PVV deixa a coalizão”, escreveu, indicando que os parceiros na gestão não aceitavam os termos de sua legenda para questões de imigração.

Em declarações na TV, Schoof, o premiê, disse que a decisão de Wilders foi “irresponsável e desnecessária”. “Na minha opinião, isso não deveria ter acontecido”, afirmou.

O ultradireitista deve buscar um aumento da base do PVV nas próximas eleições, com isso aproveitando nova maré favorável à direita radical no continente e no mundo, com Trump de volta à Casa Branca, insatisfação em alta com questões migratórias que fizeram governos moderados adotar medidas firmes contra migrantes, como a Alemanha, e vitória recente da direita nacionalista na Polônia, importante membro da UE em ascensão.