Nesta terça-feira (3), os sul-coreanos enfrentam uma das eleições presidenciais mais decisivas e atípicas dos últimos anos, convocada após meses de instabilidade institucional e três diferentes presidentes interinos. O pleito, definido como uma “eleição relâmpago”, ocorre em meio à comoção nacional gerada pela controversa imposição da lei marcial no fim do ano passado, medida que abalou a confiança pública e polarizou ainda mais o cenário político.

O resultado das urnas não apenas definirá o próximo ocupante do cargo mais alto do país, como também influenciará diretamente a postura de Seul diante de temas geopolíticos sensíveis — incluindo as relações com Washington, as tensões com a China e o comportamento imprevisível da Coreia do Norte.

Na dianteira da corrida presidencial está Lee Jae-myung, de 61 anos, político progressista e atual líder do Partido Democrático. Ex-governador e parlamentar, Lee aparece com cerca de 49% das intenções de voto, segundo levantamento da Gallup Korea. Sua popularidade o coloca com vantagem de dois dígitos sobre os demais candidatos. Lee já foi derrotado por pouco em 2022 pelo então vencedor Yoon, e nesta nova tentativa, adota um discurso que mistura continuidade e moderação: defende alianças sólidas com os Estados Unidos, mas alerta para a necessidade de manter pontes diplomáticas com China e Rússia, buscando um equilíbrio mais pragmático.

Do lado conservador, o principal concorrente é Kim Moon-soo, ex-ministro do Trabalho do governo Yoon e representante do People Power Party. Com 73 anos e apoio estimado em 36%, Kim carrega o peso de ter sido o único integrante do alto escalão a inicialmente recusar um pedido de desculpas pela imposição da lei marcial — posição da qual recuou posteriormente, com declarações de arrependimento.

A eleição tem sido amplamente interpretada como um referendo nacional sobre a crise institucional recente. Pesquisas de opinião indicam que uma maioria significativa da população deseja uma mudança de direção no comando político do país. A escolha de hoje refletirá, portanto, não apenas a preferência por um estilo de liderança, mas também uma visão sobre o futuro da democracia e da posição internacional da Coreia do Sul.