SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um crime brutal seguido por uma promessa de vingança é sempre um ingrediente saboroso nas franquias de ação hollywoodianas. E se “John Wick” gerou piadas por parte de seus próprios personagens por dar início a uma cruzada sanguinária após a morte de um cachorrinho, “Bailarina” torna tudo mais dramático ao pôr uma criança para testemunhar o assassinato do pai em seu prólogo.
No derivado da franquia estrelada por Keanu Reeves, Ana de Armas assume o papel de uma órfã acolhida pela organização criminosa Ruska Roma depois de perder o pai, ele próprio um assassino profissional. Ela divide seus anos de formação entre aulas de balé, luta e tiro, numa curiosa junção que serve tanto para mascarar o teatro que é sede do grupo, quanto para turbinar o físico de suas recrutas.
Em seus anos de treinamento, é somente quando Eve deixa de comparar sua força à dos homens com quem luta que ela consegue, enfim, triunfar no rigoroso processo de formação. “Lute como uma garota”, diz uma professora antes de a protagonista virar aluna exemplar.
“Eu nunca pensei que eu faria filmes de ação, porque nunca me vi como uma pessoa atlética”, disse De Armas em sua passagem pelo Brasil em dezembro, quando “Bailarina” foi apresentado ao público da CCXP, principal feira de cultura pop da América Latina.
“Tem sido muito legal e é um gênero no qual eu amo trabalhar agora. Em especial neste caso, com uma personagem que enfrenta esses homens enormes. Eu aprendi a gostar do processo e da dor que vem com ele. Exige muito em termos de preparação do corpo, eu vivia mandando fotos dos meus hematomas para o Ian [McShane, seu colega de elenco].”
Não é a primeira vez que a atriz cubana acerta colegas de elenco com socos e chutes. Ela fez uma ponta na última vez em que Daniel Craig vestiu o smoking de James Bond, em “007: Sem Tempo para Morrer”. Sexy e perigosa, sua espiã desferiu golpes num jantar de gala, surpreendendo os inimigos com as pernas torneadas que saltavam da fenda em seu vestido. Já em “Agente Oculto”, ela ganhou mais espaço, mas dividiu os holofotes com Ryan Gosling e Chris Evans.
Em “Bailarina”, De Armas é o centro das atenções. Ao buscar vingança pela morte do pai, ela se vê no centro de uma guerra não declarada entre a Ruska Roma e aquela responsável por sua tragédia pessoal.
Não há muito mais a dizer sobre a trama, que põe Eve em rota de colisão com o Chanceler, chefão do crime vivido por Gabriel Byrne, mas não sem antes apresentar desafios que testam as habilidades e a sede de vingança da protagonista. Um dos obstáculos, que acaba por se tornar seu mentor, é o próprio John Wick, numa participação especial de Reeves.
De Armas conta que recebeu dicas do ator, que estrelou o quarto filme da saga há dois anos. Ela diz que ambos treinavam juntos e que sua disciplina a inspirou na hora de gravar as cenas de ação. “Mesmo quando estava tarde, o Keanu continuava no set. Ele não queria ir embora, porque ele é muito profissional e quer muito viver essa franquia ao máximo.”
Dicas valiosas, vindas da estrela de uma franquia de ação sólida, daquelas que raramente encantam tanto público, quanto crítica. Em “Bailarina”, o diretor Len Wiseman se aproveita desse status para lançar mão de momentos megalomaníacos, mesmo que pouco críveis.
Também houve espaço para aprendizados com o diretor dos filmes originais, Chad Stahelski. Talvez um pouco mais do que isso, na verdade. “Bailarina” precisou passar por gravações de novas cenas, depois do fim oficial das filmagens, que se arrastaram por semanas, sobre as quais a equipe do filme vêm pondo panos quentes.
“Não foram refilmagens, só filmagens extras”, disse Wiseman na passagem pelo Brasil. “Todos amaram o filme e queriam que expandíssemos algumas coisas que haviam sido originalmente cortadas o que eu respeitei e gostei de fazer. O desafio neste filme era trazer algo novo, mas também ser fiel à ideia original.”
Após acumular US$ 1 bilhão, cerca de R$ 5,7 bilhões nas bilheterias mundiais, a franquia “John Wick” agora testa seu apelo com uma nova protagonista, abrindo caminho para um universo compartilhado próprio.
Dois outros derivados estão em desenvolvimento, um sobre a personagem de Rina Sawayama em “John Wick 4: Baba Yaga”, no que deve ser uma homenagem aos filmes de kung fu, e outro em estilo de anime. O quinto capítulo da saga principal, que segue John Wick, também está em pré-produção.
BAILARINA
– Quando Estreia nesta quarta (4), nos cinemas
– Classificação 18 anos
– Elenco Ana de Armas, Keanu Reeves e Norman Reedus
– Produção EUA, 2025
– Direção Len Wiseman