Walison Veríssimo

O Palácio do Planalto acompanha de perto as movimentações em torno da disputa ao Senado em Goiás e já admite, nos bastidores, a possibilidade de apoiar uma candidatura de perfil mais ao centro, até mesmo ligada à direita liberal, desde que tenha compromisso com a democracia. O objetivo é frear o avanço da extrema-direita no Congresso, em especial no Senado, onde a base bolsonarista mira ampliar sua influência e impor pautas de confronto institucional, incluindo ofensivas contra o Supremo Tribunal Federal.

A avaliação é que o Senado se tornou peça-chave no tabuleiro político de Jair Bolsonaro. Não por acaso, aliados do ex-presidente trabalham para eleger nomes alinhados ideologicamente, criando o que já se chama nos bastidores de “BolsoSenado”. A estratégia do Planalto, por outro lado, é repetir o modelo das frentes amplas que foram decisivas em 2022, unindo siglas diversas para formar uma barreira institucional.

Nesse contexto, a entidade suprapartidária Direitos Já!, que reúne representantes de mais de 15 partidos democráticos, tem atuado como interlocutora das articulações. Coordenada nacionalmente por Fernando Guimarães (PSB), com aval de Geraldo Alckmin, e incentivo direto do presidente Lula, a frente tem a missão de promover o diálogo entre campos ideológicos distintos para lançar um nome único ao Senado em cada estado estratégico.

Em Goiás, lideranças locais do Direitos Já! iniciaram conversas com nomes de diferentes espectros políticos. Estão no radar figuras como o ex-governador Marconi Perillo (PSDB), o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (UB) e o ex-reitor da UFG, hoje vereador em Goiânia, Edward Madureira (PT). A meta é clara: construir uma candidatura capaz de unificar o campo democrático e ter densidade eleitoral para disputar com competitividade.