A morte do soldado Leonardo Cristia Silva da Cunha, de apenas 23 anos, durante um exercício da Brigada de Infantaria Paraquedista em Mozarlândia (GO), deixou um rastro de dor e revolta. O incidente, que ocorreu durante a Operação Saci 2025, foi seguido por outro salto malsucedido dias depois, envolvendo dois militares que precisaram de atendimento médico. As falhas consecutivas têm gerado forte pressão por mudanças nos procedimentos do Exército.
Nas redes sociais, a indignação só cresce. Familiares, amigos e internautas questionam os riscos aos quais os jovens estão sendo expostos. “Quantos ainda vão morrer até que esses treinamentos mudem?”, escreveu um familiar. “Estão matando nossos meninos em nome de um preparo que custa vidas.”
Leonardo, que deixou esposa e um filho, teria caído em uma represa durante o salto e não resistiu. A causa da morte será oficialmente determinada pelo Instituto Médico Legal. Segundo relatos, ele atuava em uma operação conjunta com a Força Aérea Brasileira (FAB) ao lado de cerca de 300 militares.
As homenagens ao soldado tomaram conta das redes. A irmã o descreveu como “um homem de família, nosso orgulho”. Uma prima emocionada lamentou: “Meu coração está despedaçado por não ter estado com você nos seus últimos momentos.”
Além do luto, os parentes expressam desconfiança sobre o que de fato ocorreu. “O que estamos ouvindo não basta. Sabemos que nem tudo foi dito”, desabafou uma amiga da família. Uma parente foi além: “Ele morreu, mas ainda salvou um irmão de farda.”
O clima de angústia atinge também outros familiares de militares em treinamento. Uma mãe, com o filho ainda envolvido na operação, criticou duramente os métodos usados: “Nossos jovens não são cobaias. Isso é inadmissível.”
Profissionais da saúde que atendem os soldados após os exercícios também se manifestaram. Uma enfermeira relatou o estado em que muitos chegam às UTIs: “Medo no olhar, fome, desidratação, corpos marcados por hematomas. Um deles ficou com sequelas renais graves. Há exageros que precisam ser revistos.”
Fontes próximas à operação relatam que a fase final da Operação Saci, a mais arriscada, envolve saltos com maior número de paraquedistas em áreas de difícil acesso e com menos espaço para pouso. “O terreno em Goiás é muito diferente do usado no Rio. Isso eleva demais o risco”, afirmou uma pessoa que pediu anonimato.
Apesar da repercussão e da pressão pública, o Exército ainda não se pronunciou oficialmente sobre os recentes acidentes. Questionado pelo Mais Goiás, o Comando Militar do Leste, responsável pela operação, não respondeu até a publicação desta matéria.
A Operação Saci 2025 segue em andamento e deve ser encerrada em 6 de junho, mas para muitas famílias, as marcas deixadas não serão apagadas tão cedo.