SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar abriu com forte recuo nesta segunda-feira (2), devolvendo ganhos recentes, enquanto a Bolsa rondava a estabilidde, com os investidores reagindo às novas ameaças tarifárias do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Os investidores também aguardam comentários de Jerome Powell, presidente do Fed (Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos), e de Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central.
Às 12h52, o dólar caía 0,37%, a R$ 5,698. Na sexta (30), a divisa dos EUA fechou em forte alta de 0,93%, cotada a R$ 5,720, com a nova escalada comercial do presidente dos EUA, acumulando uma elevação de 1,30% na semana e, no mês, um avanço de 0,78%. No mesmo horário, a Bolsa subia 0,01%, a 137.045 pontos, após registrar ganhos de mais de 1% na abertura.
Trump afirmou que planeja aumentar as tarifas sobre importações estrangeiras de aço para 50%, intensificando a pressão sobre os produtores globais de aço e prometendo aprofundar sua guerra comercial.
Os movimentos do real nesta sessão tinham como pano de fundo uma fraqueza ampla do dólar no exterior, acumulando perdas ante pares fortes, como o euro e o iene, e emergentes, como o peso mexicano e o peso chileno.
Os investidores pareciam estar novamente fugindo de ativos dos EUA, uma vez que o anúncio de Trump sobre as tarifas sobre aço e alumínio reacendiam os temores de que sua política tarifária pode levar a maior economia do mundo a uma recessão e acelerar a inflação.
O índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas, caía 0,57%, a 98,792.
As preocupações ainda eram fomentadas por nova escalada nas tensões entre EUA e China. Na sexta, Trump acusou os c hineses de violarem a trégua estabelecida no meio do mês.
“Eu fiz um acordo rápido com a China para salvá-los do que eu achava que seria uma situação muito ruim, e eu não queria ver isso acontecer”, publicou o presidente na plataforma Truth Social.
“A China, talvez não surpreendentemente para alguns, violou totalmente seu acordo conosco. Adeus ao papel de bonzinho!” Trump não deu detalhes de como essa violação ocorreu.
Nesta segunda-feira, o Ministério do Comércio da China disse que as acusações de Trump de que Pequim violou o consenso acordado nas negociações de Genebra são “infundadas” e prometeu tomar medidas enérgicas para proteger seus interesses.
Os comentários de ambos os lados sugerem que as tensões voltaram a escalar entre as duas potências econômicas, após um lento progresso nas negociações de longo prazo. Há duas semanas, China e EUA chegaram a um acordo em Genebra que reduzia temporariamente as tarifas retaliatórias, que haviam subido para até 145%.
O tarifaço anunciado no mês passado foi posto à prova na semana passada, depois que um tribunal comercial dos EUA decidiu que o presidente não tinha poderes legais para impor as taxas.
No entanto, um tribunal superior suspendeu a decisão na quinta, e a Casa Branca, em paralelo, busca recurso. A batalha judicial aumenta a incerteza em torno das negociações dos EUA com a China e outros parceiros comerciais importantes.
“Há uma leitura de que a Casa Branca está determinada a aplicar essas tarifas, então mesmo que a ordem judicial sobreviva a todos os recursos no futuro, há uma percepção de que a Casa Branca utilizaria outros mecanismos legais para aplicar essas taxas”, diz Leonel Mattos, analista de inteligência de mercado da StoneX.
“O questionamento jurídico das tarifas e a dificuldade de negociação com a China trazem maior aversão ao risco global.”
Ainda na cena internacional, os agentes do mercado estarão atentos a um discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, em uma conferência, às 14h (horário de Brasília).
Os investidores também seguem atentos às tensões geopolíticas internacionais, desde o programa nuclear do Irã até o conflito na Ucrânia.
Diante da escalada de tensões com ataques de drones em larga escala dos ucranianos contra os russos, e com o anúncio de vários países da OPEP+ de um aumento da produção de petróleo menor do que o esperado, as cotações dos barris subiram nesta segunda-feira.
Por volta das 13h, o barril de WTI (West Texas Intermediate), a referência dos Estados Unidos para entrega em julho, subiam 3,47% para US$ 62,87, após ter registrado brevemente uma alta de 5%. Já o petróleo tipo Brent, referência global, avançava 3,41% para US$ 64,90.
As ações da Petrobras avançavam com o embalo dos preços no exterior, o que puxava o sinal positivo da Bolsa paulista neste pregão.
Já na cena doméstica, o mercado nacional segue de olho em novas notícias sobre o impasse dos aumentos nas alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), enquanto governo e Congresso buscam uma solução conjunta para a questão.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse mais cedo que espera solucionar nesta semana as mudanças no IOF combinadas com medidas estruturais que busquem equacionar a questão fiscal do país.
Após o fechamento dos mercados, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, participará de debate sobre “Conjuntura Econômica Brasileira”, promovido pelo Centro de Debate de Políticas Públicas (CDPP), às 18h30.
Os agentes seguem repercutindo a decisão de sexta da agência de classificação de riscos Moody´s em alterar a perspectiva do rating soberano do Brasil de positiva para estável.